Mais da metade dos casais que adotaram em 2014 já tinham filhos, aponta relatório da VIJ/DF
“O ano de 2014 foi inesquecível para a adoção no Distrito Federal”, assegura Walter Gomes de Sousa, supervisor da Seção de Colocação em Família Substituta da Vara da Infância e da Juventude do DF – SEFAM/VIJ/TJDFT. Segundo o supervisor, das 76 crianças e adolescentes cadastrados durante o ano de 2014, 71 foram adotadas por famílias previamente habilitadas, ou seja, por famílias que fizeram a adoção por intermédio da VIJ/DF.
Outro dado interessante trazido pelo supervisor é que a maioria dessas famílias (54%) já possuíam filhos. “Percebo que os casais que já têm filhos e adotam querem ampliar o número de membros na família. Com o passar do tempo, não há distinção entre filhos adotados e biológicos, pois prevalece o amor nas relações. Esses números vêm descaracterizar o mito de que só adota quem está impossibilitado de ter filhos biológicos”, afirma Walter.
Esses e outros dados estão presentes no relatório divulgado pela SEFAM/VIJ em janeiro último. O documento traz o perfil das 219 crianças e adolescentes estudados pela Seção no ano passado, bem como das famílias postulantes, em 192 processos de adoção.
Outro dado trazido pelo documento diz respeito ao aumento da faixa etária das crianças adotadas. “Das 71 crianças acolhidas em adoção em 2014, 39 apresentavam faixa etária acima de 2 anos e faziam parte de grupos de irmãos. Isso sinaliza o gradativo e surpreendente avanço das chamadas adoções tardias. Ou seja, aos poucos a família brasileira interessada em adoção começa a redesenhar o perfil da criança desejada”, avalia o supervisor.
Segundo ele, durante décadas, prevaleceu no país a vontade de querer adotar um perfil bastante restrito e excludente: recém-nascido, saudável, branco e sem irmãos. “Quem não se encaixasse nessa moldura era automaticamente recusado”, pontua o supervisor.
Walter atribui o aumento na adoção tardia ao curso de preparação psicossocial e jurídica para adoção oferecido pela VIJ/DF. “O curso, que se tornou obrigatório com a homologação da Lei 12.010/09, tem se transformado em um divisor de águas. Por meio dele, as famílias são sensibilizadas, preparadas e empoderadas para participar de um audacioso e afetivo projeto de adoção, no qual os interesses particulares são postos em segundo plano, ao passo que os direitos, necessidades e carências de crianças e adolescentes abandonados são priorizados”, explicou.
Perfil das crianças
Nos 192 processos estudados e relatados pela SEFAM em 2014, foram encontrados dados interessantes. O documento mostra que mais da metade dessas crianças e adolescentes é do sexo feminino (52,97%) e que 54,79% são moreno-claras; 8,22% são negras e 16,44% são brancas.
Ainda segundo o relatório, 52,05% dos adotandos tinham até 12 meses quando foram para uma instituição de acolhimento. A maioria (82,65%) são crianças saudáveis; 15,98% apresentam problema de saúde curável, 1,37% tem deficiência e nenhuma possui doença incurável.
Perfil dos adotantes
O relatório mostra ainda que o perfil dos adotantes vem mudando ao longo dos anos. Isso porque, além do fato de apontar que 54% dos adotantes já possuíam filhos, o documento mostrou ainda que apenas 26% dos casais que adotaram têm problemas de infertilidade.
Dos novos pais, mais da metade (51%) possui ensino superior completo, são moreno-claros (47%) e moram na Asa Sul e Norte (22%). A maioria (78,64%) é casada ou vive em união estável, tem entre 41 e 60 anos (64%), é servidor público (45%) e tem renda superior a 10 salários mínimos (42%).