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Rede Solidária conclui capacitação com profissionais do serviço de acolhimento do DF

por LC/SECOM/VIJ-DF — publicado 11/12/2017

Durante três meses, foram trabalhados temas como psicologia humanística, empatia, escuta ativa e resiliência

Foto curso da Rede SolidáriaCerca de 30 profissionais do serviço de acolhimento do DF participaram na última quarta-feira, 6/12, no auditório da Vara da Infância e da Juventude do DF – VIJ/DF, do encerramento da capacitação “Psicologia da Libertação – aprendendo a lidar com grupos e pessoas”, promovida pela Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa de voluntariado da VIJ/DF, em parceria com o Instituto Internacional para Mindfulness e Paz Interna – IIMPAZ. O curso foi direcionado a profissionais que atuam nas instituições de acolhimento do DF – estudantes de psicologia, assistentes sociais, psicólogos, professores, voluntários e servidores da VIJ. Atualmente, vivem em acolhimento institucional cerca de 380 crianças e adolescentes.

Em 14 encontros conduzidos desde setembro pelo psicólogo Antônio Monteiro dos Santos, presidente do IIMPAZ, a capacitação buscou trabalhar temas como empatia, congruência e incongruência, escuta ativa e profunda, resiliência, entre outros assuntos. Segundo o supervisor da Rede Solidária, Gelson Leite, estar mais perto das instituições de acolhimento com reuniões de grupos e capacitações faz parte da nova metodologia de trabalho integrada em rede do Anjos do Amanhã.

Para o facilitador Antônio Monteiro, o treinamento foi muito importante porque conseguiu desde os primeiros encontros beneficiar, a partir da qualificação dos profissionais presentes, uma população que tem urgência em ser acolhida e compreendida.

“Pessoalmente, essa capacitação me tocou porque vai alcançar diretamente pessoas que têm urgência de contato, de afeto e de ser entendida em sua integralidade: crianças e adolescentes que hoje estão em acolhimento institucional. Elas são o futuro do nosso país, da sociedade que queremos nas próximas décadas e, por isso, é tão importante compreendê-las e respeitá-las naquilo que elas almejam e sentem”, diz.

Monteiro assegura que devemos resgatar o contato humano com essa população que nasceu na dificuldade e que continua vivendo dias difíceis. “Falta no mundo o contato entre as pessoas, e digo mais: faltam pessoas que façam a diferença na vida umas das outras”, afirma o palestrante reflexivo.

O profissional destaca ainda que os meninos precisam se sentir acolhidos e respeitados em suas dores para se tornarem mais produtivos. “Devemos ajudar essas crianças e adolescentes a terem uma vida mais ativa e não reativa. Não importa o que eles passaram na vida: todos têm riquezas. Com amor e empatia, podemos despertar neles o que eles têm de melhor e ajudá-los a terem uma vida mais justa e feliz”, conclui.

Indagado sobre o que de mais precioso aconteceu na capacitação, Monteiro respondeu que foi o fato de os participantes colocarem em prática o aprendizado nos diversos aspectos da vida. “Pelos relatos, vejo que os profissionais estão aplicando os ensinamentos do curso no âmbito pessoal, familiar e no ambiente de trabalho. Fico feliz de ver e ouvir que eles estão conseguindo entender o outro de forma mais empática, transparente, genuína e sem atacar. Isso os ajuda em suas dificuldades e os faz crescer”, comemora o professor.

Rede Solidária participantes Maria Amélia dos Santos, Ruth Mattos e Carlos Alexandre participaram da capacitação e narram que estão vivenciando o aprendizado recebido com as crianças e os adolescentes dos serviços de acolhimento. Eles afirmam que agora conseguem enxergar esses meninos com outros olhos, respeitando suas histórias e dificuldades.

Ruth é assistente social no Nosso Lar e cita o exemplo de uma criança que chorava desesperadamente em um dia de trabalho, ainda durante o curso. Na tentativa de que ela se calasse, muitos se aproximavam dela e pediam que se calasse. A partir da capacitação, Ruth entendeu que essa criança estava em sofrimento e deveria ter sua dor respeitada. O choro, na verdade, era uma forma de externar seus sentimentos. "Então, empaticamente, disse à garota que poderia continuar se expressando e a criança de fato continuou aos prantos, mas rapidamente se calou porque se sentiu acolhida. Entendi que tinha que me retirar do problema para resolvê-lo”, diz.

Para Ruth, ter empatia é entender o outro na realidade em que ele está. “Eu tenho que aceitar a pessoa do jeito que ela é, com sua história e com toda a carga de emoções e dificuldades que ela traz. O outro não é o que eu quero que ele seja. Não posso querer que a pessoa pense igual a mim. Ser empático é entender a pessoa do lugar onde ela se encontra”, finaliza.

Mais sobre a capacitação

O curso “Psicologia da Libertação – aprendendo a lidar com grupos e pessoas” aconteceu todas as quartas-feiras, das 9h às 12h, no auditório da VIJ, de 13/9 a 13/12. Num primeiro momento, os profissionais manifestaram suas expectativas em relação ao treinamento e compartilharam as dificuldades vivenciadas na rotina de trabalho e os casos com que lidam no dia a dia. Os temas foram ministrados por meio de exposições teóricas, práticas em grupo, vivências de meditação, relaxamento, respiração, filmes e discussões.

Ao final do curso, o professor disse estar satisfeito quanto ao objetivo inicial do treinamento, que era possibilitar uma jornada de crescimento pessoal e profissional aos participantes. Ele disse que durante o curso esteve completamente comprometido na tarefa de despertar a resiliência e a motivação nas pessoas para que elas pudessem trabalhar mais motivadas e dispostas a fazer a diferença na vida umas das outras.

Sobre o palestrante

O palestrante possui vasta experiência como psicoterapeuta, professor, palestrante, escritor, coach e consultor organizacional. Atuou também como psicólogo da Universidade da Califórnia em San Diego e professor visitante da Universidade de Viena. “Meu maior desejo é ajudar profissionais e leigos a despertarem sua força interior, baseada na sabedoria interna a nível pessoal e organizacional, vivendo assim uma vida primorosa”, comentou na abertura do curso.

Palavras-chave
Anjos do Amanhã