Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

VIJ-DF apoia lançamento do projeto “Por uma Infância sem Medo”

por NC/SECOM/VIJ-DF — publicado 20/06/2017

Mesa de aberturaA Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal – VIJ-DF sediou na tarde desta segunda-feira, 19/6, o lançamento do projeto “Por uma Infância sem Medo”, idealizado pelos institutos Vida Positiva e Chamaeleon. O evento foi aberto com uma breve apresentação teatral de crianças e jovens do Instituto Vida Positiva sobre bullying, preconceito e medo na infância. Em seguida, o juiz titular da VIJ-DF, Renato Rodovalho Scussel, pronunciou-se falando da relevância da temática do projeto.

“A Vara da Infância se sente muito honrada em abraçar o lançamento deste projeto. Que possamos colocar essa matéria em pauta, em discussão, para traçarmos ações e diretrizes, a fim de atingirmos resultados mais objetivos, tratando o assunto de forma mais adequada”, disse Scussel, que avaliou como feliz a parceria dos institutos idealizadores do projeto. “Que possamos nos mobilizar, realmente nos imbuir desse objetivo e sair daqui com metas e estratégias adequadas à criação de mecanismos de combate ao medo na infância”, completou.

Também compondo a mesa de abertura do evento, o subsecretário de Educação Básica do Distrito Federal, Daniel Crepaldi, afirmou que a Secretaria de Educação está de portas abertas para levar às regionais de ensino as capacitações que o projeto “Por uma Infância sem Medo” pretende realizar. Segundo o subsecretário, é possível levar as discussões para o dia a dia das escolas e fazer com que os conflitos no âmbito escolar sejam solucionados de forma mais pontual e rápida e, assim, os alunos não sofram agressões e preconceitos. “Precisamos contar com a ajuda da sociedade civil. Não adianta esperar que só o Estado resolva esses problemas”, ponderou.

O secretário adjunto de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude bem como presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do DF – CDCA, Antônio Carlos Carvalho, colocou o CDCA à disposição para o desenvolvimento de estratégias de disseminação do projeto “Por uma Infância sem Medo” em parceria com outras instituições envolvidas. Carvalho também ressaltou a importância dos temas ligados à infância e juventude e da divulgação de informações a respeito dos direitos da criança e do adolescente.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal – Sinepe, Álvaro Moreira Domingues Júnior, as leis no Brasil são muito boas, porém falta disposição para cumpri-las. “Não adianta estar escrito na lei se não houver homens e mulheres de boa vontade para concretizar. Devemos perseguir a virtude da coragem, principalmente a de efetivar as políticas públicas. Coragem de promover o crescimento humano dessas pessoas que representam o futuro do nosso país”, afirmou.

Compuseram ainda a mesa de abertura a presidente local da Business and Professional Women – BPW, Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais, Cristina Melo, e a presidente do Instituto Chamaeleon, Beatriz Schwab. “A educação é a base de tudo”, disse Cristina. “É preciso estar atento aos filhos”, alertou Beatriz. A BPW tem como missão promover o empoderamento feminino através do conhecimento. E o Instituto Chamaeleon atende crianças vítimas de violência sexual e maus-tratos. Beatriz Schwab também falou da gratidão pela parceria com a Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa de voluntariado da VIJ-DF, e com o Instituto Vida Positiva. “Queremos que as crianças tenham uma infância feliz, sem medo”, concluiu Beatriz.

Palestrantes do lançamento do projeto "Por uma infância sem medo"Palestras

Após as falas dos componentes da mesa de abertura, a plateia pôde ouvir as palestras proferidas por Vicky Tavares, presidente do Instituto Vida Positiva; Augusto Pedra, coordenador nacional do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar – Cemeobes; Thirza Reis, coach e idealizadora do programa Vem SER Mulher; Valéria Martirena, delegada da Polícia Civil do DF e especialista no tema violência sexual; e Homero Reis, especialista em coaching.

A fala de Vicky Tavares foi a respeito de preconceito. “Temos o dever de respeitar o outro. O preconceito machuca, magoa”, disse. Para Vicky, a nossa sociedade está doente por falta de amor, que, segundo ela, é dom supremo. A presidente do Instituto Vida Positiva classifica o preconceito como uma “doença da alma” e diz ser necessário falar sobre o assunto com todos e em todos os lugares. “Se você não faz parte da solução, você faz parte do problema”, destacou. Vicky falou ainda da convivência em paz: “É hora de ajustarmos nossa percepção da vida para vivermos em paz com os outros”. E afirmou ser preciso fortalecer as crianças contra os medos e os preconceitos.

Para Augusto Pedra, a ignorância é a mãe do preconceito. Ao falar de bullying, o coordenador do Cemeobes disse que o tema tem sido banalizado e que é preciso ter coragem para prevenir e também para denunciar os casos. Para ele, é importante o acolhimento e a valorização da criança com amor, mas também com regras e limites. Augusto Pedra falou das conquistas no trabalho de prevenção e combate ao bullying, inclusive com a aprovação das Leis 13.185/2015 e 13.277/2016.

Thirza Reis afirmou que o medo é um sentimento primitivo que traz a sensação de desamparo e é causador de ansiedade e de vergonha. Segundo a coach, a dor e a angústia podem levar ao isolamento. “São feridas invisíveis e o antídoto é a ternura”, afirmou. Para Thirza, é necessário oportunizar que as pessoas sejam o que são, que haja o acolhimento das diferenças. Quanto às crianças, ressaltou ser preciso dar voz a elas e acolhê-las para que não sejam vítimas dos medos.

A delegada Valéria Martirena destacou a importância da articulação da rede de atendimento à criança e ao adolescente nos casos de violência sexual. Conforme a delegada, o trabalho em rede no Distrito Federal tem tido resultados positivos e conquistado a credibilidade da população. Ela falou ainda do aumento no número de registros de abuso sexual infantojuvenil e ressaltou ser importante dar credibilidade à palavra da vítima: “Dar voz à vítima auxilia no seu processo de recuperação”. Segundo Martirena, é importante também buscar a responsabilização do agressor e investir na restauração da família da vítima.

Em seguida, foi realizada uma breve mesa-redonda entre os palestrantes, mediada por Karmita Bezerra, do grupo Getap UnB – Estudos Transdisciplinares, com abertura para perguntas do público. O evento foi encerrado com a palestra motivacional do especialista em coaching Homero Reis. “Se você quer saber o futuro de um país, olhe para as crianças”, iniciou. O palestrante disse que as pessoas devem ter coragem para realizar as rupturas necessárias a partir da sua própria realidade, da sua própria casa, para começar a ser agente de mudanças. Nesse sentido, citou Mahatma Gandhi: “Seja a transformação que você quer ver no mundo”.

Homero Reis também falou de educação e da escola atual. Na sua avaliação, as escolas hoje se preocupam mais em preparar as pessoas para o mercado de trabalho e não para a vida. Ele criticou o que chama de “monetarização da vida”, visão segundo a qual tudo gira em torno do dinheiro. “Muitas pessoas fazem o que não gostam para ganhar dinheiro”, afirmou. Em sua fala, abordou ainda questões relativas ao respeito e à convivência com as diferenças. “Que na taça do respeito possa ser vertido o líquido sagrado do amor”, disse. Para Reis, com o respeito se constrói a possibilidade do amor.

Capacitação

Ao longo de um ano, o projeto “Por uma Infância sem Medo” realizará oficinas gratuitas sobre medo na infância em 14 áreas geográficas do Distrito Federal. O projeto é direcionado a pais, cuidadores, educadores, profissionais das áreas de educação e saúde, servidores públicos e pessoas interessadas no tema. Os profissionais envolvidos no planejamento e execução das oficinas (assistente social, coach e psicólogo) receberão atestados de capacidade técnica e o selo “Amigo da Criança”.

Palavras-chave
Anjos do Amanhã