Rede Solidária oferece SUP para jovens acolhidos

por AP/SECOM/VIJ — publicado 2017-10-18T13:50:00-03:00

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O Programa de voluntariado da Vara da Infância e da Juventude do DF – VIJ/DF, Rede Solidária Anjos do Amanhã (RSAA), em parceria com o projeto Filhos da Nação, oferece a prática de Stand Up Paddle (SUP) aliado à Terapia Junguiana para crianças e adolescentes que vivem nas instituições de acolhimento do DF.

O esporte praticado pelos jovens é o Stand Up Paddle (SUP), que é uma junção do surfe com remo, onde o praticante rema em pé em uma prancha. Os encontros acontecem nas tardes de sábado, no Lago Paranoá. Desde que nasceu o projeto, há quatro meses, oito crianças e adolescentes já foram beneficiados.

Gelson Leite, supervisor do Anjos do Amanhã, revela as vantagens que a atividade proporciona aos jovens: “o SUP do Filhos da Nação reúne muitos fatores positivos: esporte, ambiente aprazível do Lago Paranoá e acompanhamento técnico e terapêutico. Além de ser uma experiência rica em metáforas, que favorece bastante a linguagem e abordagem terapêutica, o mais importante é o fato de atrair o interesse e o engajamento dos meninos na proposta”.

O Filhos da Nação foi desenvolvido pelo casal Gabriela Franco, terapeuta junguiana, e por Tiago Souza, fotógrafo e atleta de SUP. O projeto surgiu com o desejo dos dois de usar o poder transformador do esporte, em combinação com a base terapêutica de Carl Gustav Jung, para modificar a vida das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. “Nosso objetivo é fortalecer a crença em si e no próximo, pois, durante a atividade, eles são a única fonte de atenção e cuidado por parte da equipe. Eles são olhados, ouvidos, sentidos, abraçados pelos corações de cada voluntário”, acredita Gabriela.

Quanto ao trabalho terapêutico, Gabriela conta que, no momento em que os jovens estão praticando o SUP, conteúdos simbólicos são trazidos à tona a cada remada. “Durante as atividades é comum, entre os jovens, surgirem questões como: e se eu cair? É fundo? O que há lá na parte profunda? E se eu não conseguir me equilibrar?", descreve Gabriela.

De acordo com a terapeuta, os questionamentos são trabalhados de forma figurativa no ambiente ao ar livre, uma vez que as respostas guardam similaridade com a própria dinâmica da vida. “Você pode cair várias vezes, mas vai se levantar e aprender com a queda. Vai superar o medo de cair, vai se fortalecer para remar cada vez mais longe, com mais foco, e para novos horizontes e objetivos. Algumas partes são fundas e outras são rasas, você tem o equipamento de segurança correto e uma equipe de apoio ao seu lado. Nós formamos uma equipe e um cuida do outro”, costuma dizer Gabriela aos participantes.

Gabriela conta que a abordagem terapêutica junguiana vai além das conversas no lago. Os integrantes do projeto visitam as instituições de acolhimento dos jovens para conversar individualmente com eles, fazendo um fechamento das questões simbólicas que surgiram durante a prática do SUP. “Com as visitas nas instituições queremos demostrar para eles que o olhar de acolhimento e a dedicação dos voluntários é permanente ”, esclarece.

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Como o SUP modificou o comportamento dos jovens

Sobre os ganhos que o esporte traz, Gabriela ressalta o equilíbrio, o controle, a concentração, o foco, a atuação em equipe e a superação das dificuldades. “Ao mesmo tempo, proporciona um grande relaxamento na água e uma sensação de pertencimento ao grupo, à natureza, ao universo e, sobretudo, a si mesmo, através da consciência corporal”, conta a terapeuta.

Adriana Rabelo, psicóloga da entidade de acolhimento Lar Jesus Menino, notou mudanças positivas no comportamento das duas crianças e do jovem da instituição que participam do projeto. “Nós percebemos que a prática tem ajudado a trabalhar conteúdos como o medo, o equilíbrio, a perseverança, a frustação e a autoestima, o que reflete na superação dos obstáculos trazidos pela permanência na instituição de acolhimento, como a angústia da espera pela adoção”, considera.

O valioso trabalho do voluntariado

Outras pessoas também ajudam a manter o projeto em benefício dos jovens acolhidos. É o caso da voluntária Natália Ciscotto, que desde o início contribui com o lanche. A voluntária conta que a cada encontro, os meninos pedem animados o que querem comer na próxima reunião. “É maravilhoso fazer parte desse projeto, acredito muito na sua força de transformar a vida dos jovens”, conta.

Quando Natália começou no programa estava passando por um momento de muito questionamento interno. A partir da relação estabelecida com os meninos, ela acredita que pode resgatar a sua essência e transformar a sua vida. “Eles me salvaram, hoje sou uma pessoa melhor”, compartilha.

A voluntária conta ainda que é visível a mudança nas atitudes dos jovens beneficiados. “No início eles chegavam acuados e cabisbaixos. Agora, eles nos abraçam e olham nos olhos. É maravilhoso ver essa evolução, como o amor é o carinho transformam o ser humano”, comemora.

Como ajudar o projeto

Quem deseja levar amor e autoestima para os jovens que estão nas instituições de acolhimento do DF pode colaborar com doações. O projeto carece de equipamentos de SUP e roupas adequadas para a prática do esporte e acessórios, como pranchas, remos, coletes e sapatos de borracha para água, além de doação em dinheiro para custear as passagens de ônibus para os jovens.

Os interessados em ajudar, podem enviar um e-mail para anjosdoamanha@tjdft.jus.br, ou ligar para os números (61) 3103-3285/3286/3259, ou ainda ir pessoalmente à Rede Solidária Anjos do Amanhã, na Vara da Infância e da Juventude do DF - SGAN 909, lotes D/E.