VIJ-DF registra recorde de adoções em 2017

por NC/SECOM/VIJ-DF — publicado 2018-01-23T09:45:00-03:00

Fachada da VIJNo ano passado, 88 crianças que viviam em instituições de acolhimento no Distrito Federal à espera de adoção conquistaram um novo lar. O número refere-se a 82 adoções nacionais e 6 adoções internacionais. Foi registrado um recorde em relação à quantidade de crianças acolhidas em adoção por famílias do cadastro local e nacional na Vara da Infância e da Juventude (VIJ-DF), superando o total de 77 do ano de 2016.

Na avaliação do supervisor da Seção de Colocação em Família Substituta (SEFAM/VIJ-DF), Walter Gomes, o aumento nas adoções está ligado à mudança no perfil desejado de criança pelas novas famílias que estão se habilitando. “Ao participarem do curso de preparação psicossocial na VIJ-DF, essas famílias conseguem experimentar uma intensa imersão reflexiva no universo da adoção que resulta na redução das exigências referentes à criança pretendida, afastando-se do chamado perfil clássico: recém-nascido, branco, saudável e sem irmãos”, afirma.

Os dados de 2017 revelam que houve uma sensibilização das famílias para vivenciar adoções de grupos de irmãos, inter-raciais e tardias. Foram adotados 9 grupos de 2 irmãos e 4 grupos de 3 irmãos no Distrito Federal. Do total de 82 crianças, 39 eram morenas claras, 17 morenas escuras, 17 brancas e 9 negras. Em relação à faixa etária, 35 dos adotados tinham de 4 a 11 anos. Também foi realizada a adoção de dois adolescentes, um menino e uma menina. Porém a maioria foi de crianças de 0 a 3 anos de idade, com 45 adoções.

Adoção internacional

Crianças mais velhas e pertencentes a grupo de irmãos ainda enfrentam mais dificuldades para encontrar interessados em adotá-las no Brasil. Por isso, a adoção internacional é a chance que algumas delas encontram para concretizar o desejo de pertencer a uma família novamente. Das 6 adoções internacionais realizadas no Distrito Federal em 2017, 5 envolveram crianças com irmãos. Foi concretizada a adoção de uma criança de 3 anos, uma de 6, uma de 8 e duas de 10, além de um adolescente de 12 anos. Em 2016, foram 7 adoções internacionais, de meninos e meninas entre 3 e 13 anos de idade pertencentes a grupos de irmãos. Todas as adoções de 2016 e 2017 foram feitas por casais italianos.

Segundo a secretária executiva da Comissão Distrital Judiciária de Adoção (CDJA), Thaís Botelho, o trabalho realizado em parceria com os vários profissionais e entidades envolvidos no processo de adoção, como psicólogos, assistentes sociais, equipes técnicas das instituições de acolhimento, voluntários, organismo internacional, entre outros, é fundamental nas adoções internacionais. “Não há como pensar adoção internacional sem a contribuição dos diversos atores envolvidos no processo. É preciso que caminhemos de forma coordenada para o projeto adotivo transcorrer de maneira mais serena e, sobretudo, para potencializar as chances de sucesso”, ressalta.

A emoção do encontro

A adoção, seja nacional, seja internacional, costuma ser um processo cercado de emoção e desafios. Quando se fala em adoção internacional, fatores como língua, cultura e investimento financeiro exigem ainda mais da preparação das famílias e das crianças. Um casal de italianos que adotou dois irmãos em setembro do ano passado no Distrito Federal compartilha os sentimentos experimentados com a adoção dos meninos, de 10 e 6 anos de idade.

“O primeiro encontro com as crianças foi uma experiência extremamente emocionante e intensa. Quando os vimos, nossos corações literalmente explodiram de alegria e emoção. A adoção de dois irmãos brasileiros foi uma experiência simplesmente maravilhosa e fantástica. Revelou-se, como esperado, muito exigente e intensa, mas as emoções sentidas foram excepcionais e inesquecíveis”, relatam Monia e Alessandro.

De acordo com o casal, o apoio da CDJA foi de fundamental importância para o sucesso da adoção. “As visitas e os encontros durante o estágio de convivência foram decisivos na superação das dificuldades apresentadas”, afirmam. O casal cita entre as dificuldades enfrentadas o estudo da língua portuguesa e a preparação de toda a documentação necessária à adoção e à viagem de volta para a Itália.

Além do suporte da CDJA, a família menciona o apoio recebido do organismo internacional de adoção que acompanhou todo o processo. “Os contatos contínuos com nossa associação na Itália e no Brasil também foram essenciais para superarmos alguns momentos críticos. Sempre nos sentimos apoiados, acompanhados e ajudados na resolução dos vários problemas apresentados”, contam.

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Procura por adoção

A adoção é um tema que continua chamando muito a atenção da sociedade. Esse interesse pode ser comprovado pelo número de pessoas que procuram anualmente a VIJ-DF para ingressar com processo de habilitação para adoção. Só em 2017, a Vara cadastrou 103 novas famílias, e atualmente 260 aguardam para realizar o curso de preparação psicossocial e jurídica à adoção.

Se por um lado o número de famílias interessadas em adotar continua elevado – hoje são 520 famílias habilitadas no DF –, por outro lado o cadastramento de crianças e adolescentes para adoção apresentou um recuo: enquanto em 2017 foram 111 cadastrados, em 2016 foram 135. No momento, há 120 meninos e meninas no cadastro local de adoção aguardando uma família.

Conforme o supervisor Walter Gomes, na análise psicossocial da SEFAM/VIJ-DF, esse recuo deve-se ao gradativo decréscimo no número de crianças e adolescentes inseridos no regime de acolhimento institucional nos últimos anos no DF, bem como ao aumento no número de reintegração familiar de meninas e meninos institucionalizados. Por todos os dados apresentados, a adoção continua sendo um desafio diário para instituições, crianças e famílias envolvidas.

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