Participantes comentam sobre o curso de comunicação não violenta

por Daphne Arvellos — publicado 2019-10-25T17:58:19-03:00

CNV1Terminou, na última semana, o curso “Comunicação Não Violenta (CNV)”, primeiro da série de capacitações para profissionais do sistema de garantias de direitos infantojuvenis oferecidas pela Rede Solidária Anjos do Amanhã neste semestre. Durante dois encontros, a facilitadora Edisa Lopes apresentou o tema de forma dinâmica a servidores e colaboradores do Fórum da Infância e da Juventude, voluntários do Anjos do Amanhã, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e cuidadores sociais das instituições de acolhimento e profissionais de unidades executoras de medidas socioeducativas.

O curso foi focado no aspecto prático da comunicação não violenta, dispondo os conceitos por meio de atividades que motivavam a interação do grupo. Entre as questões abordadas estiveram as relações da comunicação com as emoções e os valores pessoais, a empatia e a autenticidade das expressões. “O curso chamou atenção para a possibilidade de enxergar as situações pela visão do outro: quais necessidades em sua fala, no comportamento, o que a pessoa está querendo dizer, qual a razão para ela estar agindo daquela forma”, explicou a participante do curso Ana Luiza Ueda, estagiária da Seção de Colocação em Família Substituta (SEFAM/VIJ). “Ás vezes a gente leva muito uma fala para o lado pessoal, quando, na verdade, é uma necessidade do outro”, completa Ana.

CNV2A percepção da comunicação pelo outro também foi um ponto lembrado pela psicóloga da instituição de acolhimento Nosso Lar Priscila Borges Lopes. “Olhar por outro ângulo as possibilidades de novas estratégias para as ocorrências do dia a dia foi a minha melhor herança”, defende ela. O curso explorou também o fato de a comunicação ir muito além da emissão verbal, tendo como ponto essencial a própria escuta, em suas várias formas, indo além do estar em silêncio e permitir que o outro fale. “O curso foi muito transformador, me ajudou a organizar minha forma de escutar, de observar e de dirigir minhas palavras e atitudes de modo a atender as necessidades das outras pessoas de forma mais empática”, dividiu Cristiane Novaes, voluntária da entidade Casa do Caminho.

Para Cristiane, escutar e prestar atenção nos sinais que estão presentes na comunicação corriqueira trouxe consequências positivas para sua relação intrapessoal. “Consequentemente, eu me atendo de forma mais gentil e consigo contribuir de maneira mais positiva nos ambientes em que trabalho”. A relação consigo ao comunicar e após fazê-lo foi outro ponto explorado. “Ela (Edisa) trabalhou muito a questão da autoempatia. Ás vezes a gente fica se cobrando muito pela forma como falou, agiu. A autoempatia vem no sentido de a gente conseguir se perdoar, não deixar isso paralisar, de ter essa comunicação não violenta com nós mesmos”, explicou Ana Luiza. Edisa Lopes é enfermeira, terapeuta holística, comunitária, transpessoal, psicodramatista, leader coach e facilitadora de cursos de Mediação de Conflito e Comunicação Não Violenta.

Conhecimento multiplicado

“Fomos surpreendidos com uma grande procura pelo curso, o que resultou numa lista de espera. É uma alegria perceber o interesse crescente das pessoas pela CNV”, conta o supervisor da Rede Solidária, Gelson Leite. Para ele, a metodologia é uma rica fonte de técnicas e ferramentas importantes para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Além da facilitadora da capacitação, Edisa, há mais três facilitadores cadastrados na Rede Solidária, formando um Núcleo de Comunicação Não Violenta, do qual podem fazer parte os participantes do curso encerrado que desejarem se aprofundar e multiplicar o conteúdo nos seus ambientes de trabalho. A ideia é aproveitar os recursos voluntários com o objetivo de disseminar conhecimentos e práticas da metodologia nas instituições beneficiárias. “Isso se alinha com o fator norteador do Anjos do Amanhã, que é da continuidade das ações.  Os processos de mudança não acontecem como um passe de mágica. Se não houver investimento de tempo e a combinação indissociável entre teoria e prática, o conhecimento tende a se perder na rotina atribulada do dia a dia”, explica Gelson.

Sylvio Petrus, dirigente do Lar Infantil Chico Xavier e participante do curso, pretende ser um a disseminar esse conhecimento. “Penso que é importante um movimento de sensibilização da equipe para compreensão da importância deste movimento e alinhamento das expectativas. Um segundo passo é estruturarmos uma agenda de atuações para promoção e prática da CNV", compartilhou Sylvio. Além da dimensão profissional, Sylvio destacou que o curso também contribuiu para seu crescimento como ser humano.