Meninos acolhidos praticam canoa havaiana no Lago Paranoá
Os sábados de um grupo de nove meninos e meninas que vivem na entidade Lar Jesus Menino, em Sobradinho, estão mais animados. Depois do almoço eles são levados por voluntários à orla do Lago Paranoá para se aventurarem na prática de um esporte originário da Polinésia, que promove contato pleno com a natureza peculiar de Brasília.
Dentro da esguia e comprida canoa havaiana, eles movimentam os remos em sincronia e deslizam longe sobre as águas calmas do lago. É o esforço coletivo e harmonioso que os impulsiona a remarem por 5 ou 6 km. A cada novo percurso, eles se surpreendem com uma paisagem diferente.
A prática da canoa havaiana é resultado de uma parceria da Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa social da Vara da Infância e da Juventude do DF (VIJ-DF), com o projeto Filhos da Nação, executado pela entidade OndaSup. O projeto pausou durante a pandemia e foi reativado neste mês de maio.
Além do Filhos da Nação, outras parcerias estão envolvidas em rede para promover a prática esportiva, como a escola de canoagem CPP Extreme, o clube Ascade, os voluntários que realizam o transporte de ida e volta do grupo e os que fornecem lanches. Toda semana a rede é acionada para programar esse momento.
A canoa flui se todos remarem juntos
A rotina das crianças começa às 13h15, quando um voluntário busca os meninos na entidade localizada no Núcleo Rural de Sobradinho e os leva até o clube Ascade. Por volta de 14h, eles se reúnem por alguns minutos em uma atividade interativa antes de embarcarem na canoa. Na água, o instrutor os ensina a técnica de empurrar as pás, todos juntos, sincronizados.
“A canoa flui se todos remarem juntos, a pá entra, sai, a canoa anda bem quando o grupo está em harmonia”, diz Gabriela Speziali, coordenadora do projeto Filhos da Nação. Além da técnica, outros valores são ensinados, “como o respeito ao próximo, a consciência corporal e a ambiental, a não jogar lixo na água. Muitas vezes eles mesmos pedem para aproximar a canoa e catar algum lixo da água. É uma valorização individual e coletiva”, explica a coordenadora.
O trajeto é livre, depende da direção do vento, da movimentação do lago. Cada dia um novo visual para curtir. Tem pausa para o descanso embaixo da ponte, em lugar para contemplar o movimento ou em local tranquilo para se atirar à água, brincar, nadar, rir e jogar conversa fora. Quando os jovens retornam ao cais, tomam banho no vestiário do clube, trocam de roupa e estão famintos para compartilhar o lanche e fazer um balanço do dia. Em torno de 17h30 estão de volta à instituição e ansiosos pelo próximo sábado.
“Outro dia flagrei eles olhando para o lago e me disseram que pela televisão não parecia tão grande. Fiquei tão emocionada!”, conta Gabriela sobre as novas experiências dos garotos. Ela percebe os benefícios do esporte na vida dos meninos, como a conexão em grupo, o respeito pelo outro e pela natureza, e até falam de planos para o futuro. Além dos valores que agrega, Gabriela enxerga a modalidade esportiva da canoa havaiana, crescente na cidade e no mundo, como oportunidade para que as crianças e os adolescentes se tornem atletas e participem de competições.
Expansão e continuidade
Segundo o supervisor da Rede Solidária Anjos do Amanhã, Márcio Alves, o projeto será implementado em outra entidade de acolhimento em breve. Há perspectiva de expansão para mais instituições, mas o maior entrave é a necessidade de voluntários que forneçam lanches e que auxiliem no transporte para os trajetos de ida e volta dos meninos.
Se você deseja apoiar esse projeto, basta entrar em contato com a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal, por meio da Rede Solidária. Toda e qualquer ajuda é bem-vinda, afinal, quando todos remam juntos na mesma direção, o projeto flui.
- Telefones: (61) 99658-2265 / 3103-3285, das 12h às 19h
- E-mail anjosdoamanha@tjdft.jus.br
Filhos da Nação
Parceiro da Rede Solidária Anjos do Amanhã, o projeto Filhos da Nação combina a prática esportiva de stand up paddle ou canoa havaiana com a abordagem terapêutica junguiana, coordenado pela jornalista e terapeuta Gabriela Speziali e o fotógrafo e atleta Tiago Souzza. Por meio do esporte, a equipe estreita a relação com as crianças e adolescentes para conhecer seus potenciais e as dificuldades que podem ser trabalhadas.