Projeto oferece canoa havaiana para crianças acolhidas

por Raqueline Feitosa — publicado 2023-11-03T16:04:00-03:00

Duas canoas havaianas paralelas. Cada canoa com aproximadamente sete integrantes que remam simultaneamente, sentados, no Lago Paranoá. Ao fundo, vista da Ponte JK.Crianças e adolescentes vinculados a instituições de acolhimento do DF praticam canoa havaiana todos os sábados, graças à parceria que já dura seis anos entre o projeto Filhos da Nação, executado pela entidade OndaSup, e a Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa social do TJDFT, vinculado à Coordenadoria da Infância e da Juventude.

Além do Filhos da Nação, outras parcerias estão envolvidas para promover a prática esportiva, como a escola de canoagem CPP Extreme, o clube Ascade, os voluntários que realizam o transporte de ida e volta do grupo e os que fornecem lanches. Toda semana a rede de parceiros é acionada para programar esse momento.

Ao todo são sete crianças e adolescentes do Lar Jesus Menino, de Sobradinho, e um jovem ex-acolhido, que mora na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e Deficientes de Taguatinga e Ceilândia. A rotina dos meninos e meninas começa em torno das 13h15, quando voluntários buscam os jovens nas instituições e os levam até o clube Ascade. Por volta das 14h, eles se reúnem por alguns minutos em uma atividade interativa antes de embarcarem na canoa. Na água, o instrutor dá as coordenadas para que todos comecem juntos, sincronizados, a empurrar os remos e explorar as águas extensas e densas do Lago Paranoá.

Remando juntos por um mundo melhor

Braço de um jovem remando, sentado em uma canoa havaiana, contra a luz solar.A direção do vento e a movimentação do lago apontam o caminho. Em cada encontro, novos horizontes a desbravar. As crianças chegam a se impressionar com o tamanho do Lago Paranoá e a beleza natural que se revela. Nesses percursos há espaço para o inusitado, pausas, descansos, permeados por conversas e risos. E o momento mais esperado: quando os jovens se atiram ao lago para um banho refrescante e renovador. Gabriela Speziali, jornalista, terapeuta e uma das coordenadoras do projeto, conta que, sem dúvida, são momentos repletos de muita alegria e frescor.

Depois dessa rica programação, os jovens retornam ao cais para trocarem de roupa e degustarem o lanche oferecido por voluntários do projeto. A previsão é que às 17h30 eles já estejam de volta às suas instituições, renovados para seguirem suas rotinas, na expectativa da próxima aventura aquática.

Filhos da Nação

O projeto Filhos da Nação combina a prática esportiva de stand up paddle ou canoa havaiana com a abordagem terapêutica junguiana. Os coordenadores, Gabriela Speziali e Tiago Souzza, fotógrafo e atleta, apostaram na prática do esporte com crianças e adolescentes para desenvolver as potencialidades e diluir as dificuldades dos jovens.

Gabriela detalha a tecnologia social desenvolvida pela OndaSup no projeto Filhos da Nação: “O projeto de impacto social Filhos da Nação tem o propósito de dar elementos para que essas crianças e adolescentes passem a se sentir pertencentes ao grupo do esporte, desenvolvam a confiança na equipe e em si mesmos, trabalhem a disciplina e a determinação para traçar objetivos de vida, agreguem valores como respeito ao próximo e à natureza, desenvolvam senso de coletividade”. 

Menino vestido de colete salva-vidas e short remando em pé, em cima de uma prancha de stand up paddle amarela, no Lago Paranoá.O projeto ganhou amplas dimensões e foi aprovado enquanto OndaSup para programas de aceleração da Impact Hub e do Instituto Ekloos. Esse incentivo faz com que Gabriela e Tiago se dediquem exclusivamente à manutenção do projeto. A pretensão é atender em torno de 100 crianças.

A coordenadora esclarece como algumas iniciativas e parcerias atuam no projeto e fomentam seu desenvolvimento: “A OndaSup é uma startup de impacto social, que está lançando em breve uma coleção casual de roupas com as temáticas SUP e Canoa Havaiana. Além disso, temos duas escolas de esportes a remo: a CPP Extreme Brasília – escola de canoa havaiana; e a OndaSup Club – escola de stand up paddle”.

As escolas funcionam no clube da Ascade, e as roupas serão vendidas em loja virtual. “Nós entregamos parte da gestão do projeto Filhos da Nação, que foi criado e desenvolvido pela OndaSup, para a equipe da Associação Brasil Melhor, que passou a cuidar da logística de voluntários e administração financeira do projeto. A OndaSup destina parte dos seus lucros para o projeto e, por isso, indica que todos os seus produtos e serviços contribuem para o crescimento do Filhos da Nação”, explica Gabriela. 

A coordenadora faz um balanço do projeto ao longo desses anos: “Tivemos vários retornos das instituições de acolhimento e também do TJDFT de que o projeto de impacto social Filhos da Nação tem uma grande vinculação dos participantes e influencia positivamente no rendimento escolar e no comportamento das crianças e adolescentes em casa e na escola”.

Foco em quatro braços de pessoas sentadas remando em uma canoa havaiana, no Lago Paranoá.Segundo Gabriela, está sendo construído um trabalho coordenado amplo, sustentável, com ações afirmativas integradas na área do esporte e da terapia junguiana, de forma a contribuir para a formação da identidade das crianças e adolescentes participantes, com impacto significativo na organização da sua personalidade quando adulto. Ela diz que a metodologia do trabalho se mostrou consistente por conta da troca permanente de informações entre a área técnica do projeto de impacto social Filhos da Nação e os técnicos das instituições de acolhimento.

A expectativa do projeto é que crianças e adolescentes participantes tenham mais capacidade de lidar com os próprios sentimentos e de se relacionar melhor com o próximo – seja com a família biológica ou adotiva, seja com os técnicos e colegas das instituições de acolhimento onde as meninas e meninos vivem. “O que se espera de fato é que possamos contribuir para a formação de adultos capazes de consolidar seu caminho no futuro com escolhas mais assertivas, de forma a terem uma vida digna, sustentável e promissora”, conclui Gabriela, esperançosa.

Busca por mais parcerias

Segundo o supervisor da Rede Solidária Anjos do Amanhã, Márcio Alves, o projeto pretende expandir o atendimento a outras instituições, porém há dificuldades a serem supridas: o projeto necessita de voluntários que forneçam lanches e auxiliem no transporte para os trajetos de ida e volta das crianças.

Se você deseja apoiar esse projeto, entre em contato com a Rede Solidária Anjos do Amanhã. Toda e qualquer ajuda é bem-vinda, afinal, quando todos remam juntos na mesma direção, o projeto flui.

Fotos: Tiago Souzza