Arritmias cardíacas
No Brasil, 40 milhões de pessoas têm algum tipo de Arritmia Cardíaca. Estima‐se que até 20% da população seja acometida pela doença. Em 2009, em um levantamento realizado pela SOBRAC (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas), em parceria com o Ministério da Saúde e com o DECA (Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial), foi apontada a ocorrência de mais de 320 mil mortes súbitas por ano em decorrência de arritmias cardíacas. Do total de mortes súbitas em decorrência de problemas cardiovasculares, estima-se que 80 a 90% são provenientes de algum tipo de arritmia cardíaca. Ainda assim, mesmo sendo tão prevalente, há muita desinformação a respeito da doença. A hereditariedade e outros fatores de risco merecem atenção de especialistas e, por isso, a consulta periódica com um cardiologista é fundamental. Mas, afinal, o que é uma arritmia cardíaca?
Arritmia cardíaca é uma alteração que ocorre na formação ou na condução do estímulo elétrico do coração, as quais podem provocar modificações do ritmo cardíaco. As arritmias podem ser benignas e malignas. Indivíduos que apresentam problemas no músculo cardíaco, como infarto, cicatrizes de inflamações, doença nas artérias coronárias e insuficiência cardíaca, estão no grupo de maior risco. As arritmias em corações estruturalmente normais geralmente são benignas, embora haja exceções.
O coração é uma bomba formada por 4 cavidades: duas do lado direito e duas do lado esquerdo (os átrios e os ventrículos). Sua função é impulsionar o sangue que vem das veias para os pulmões e o sangue rico em oxigênio, que vem dos pulmões, para todos os nossos órgãos. Um sistema elétrico é responsável pela contração muscular no ritmo certo e pela sincronização dos batimentos das 4 câmaras do coração. Esse sistema elétrico é formado por um conjunto de células que geram o estímulo elétrico espontaneamente, denominado nó sinoatrial ou nó sinusal e por uma rede de nervos que espalha o estímulo pelo músculo todo.
O ritmo cardíaco adequado é ritmo regular, compassado. A frequência dos batimentos cardíacos depende da atividade que o indivíduo está realizando (repouso ou em exercício) e é medida pelo número de contrações do coração por uma unidade de tempo, geralmente por minuto. Por isso é expressa em BPM (batimentos por minuto). A frequência cardíaca pode variar muito, mas normalmente situa-se entre 60 bpm e 100 bpm num indivíduo em repouso ou atividades habituais. Para um indivíduo adulto em repouso, uma frequência cardíaca de 100 bpm, persistentemente, pode ser considerada alta. Em algumas situações, como durante exercícios físicos de alta intensidade, estes batimentos podem atingir até mesmo 180 bpm. Por outro lado, quando dormimos ou estamos em repouso, a frequência pode ficar abaixo dos 60 bpm e isso é considerado normal.
Existem vários tipos de arritmias, mas as mais comuns são a taquicardia, quando o coração bate rápido e a bradicardia, quando as batidas são muito lentas. Existem também os batimentos fora de compasso, que se manifestam com pulsação irregular, como as extra-sístoles e a fibrilação atrial.
A fibrilação atrial é um dos tipos de arritmia cardíaca, com prevalência maior entre os idosos, caracterizada pelo ritmo de batimento rápido e irregular dos átrios (câmaras superiores do coração). A doença já afeta 2,5% da população mundial, o que equivale a cerca de 175 milhões de pessoas. Estima-se que até 10% das pessoas acima de 75 anos possuam a doença. Com o envelhecimento da população, espera-se um crescimento expressivo da fibrilação atrial no Brasil, sendo cada vez mais importante a propagação de informações sobre a doença e sua prevenção.
Qualquer pessoa pode ter arritmia cardíaca, independentemente de faixa etária, gênero ou condição socioeconômica. As arritmias cardíacas podem acometer recém nascidos, jovens supostamente saudáveis e esportistas. Mas são mais frequentes em pessoas portadoras de doenças do músculo cardíaco ou doenças hereditárias do sistema elétrico e também em idosos.
Os sintomas mais comuns da arritmia são: palpitações, “batedeiras”, sensação de batimentos lentos , irregulares, desmaios, tonteiras, confusão mental, fraqueza, pressão baixa, desconforto no peito.
Algumas arritmias cardíacas são assintomáticas, ou seja, não provocam nenhum dos sintomas descritos acima. Quando não diagnosticada e tratada corretamente, a arritmia cardíaca pode provocar parada cardíaca, doenças no coração, acidente vascular cerebral e a morte súbita.
Quando uma pessoa percebe que seu coração está batendo de forma inadequada, deve procurar um cardiologista para avaliação clínica. O médico fará a anamnese, levantará dados da história familiar, realizará um exame clínico detalhado e um eletrocardiograma. A partir de então, outros testes são solicitados dependendo da necessidade de cada paciente, tais como: Ecocardiograma, Holter de 24h, Teste Ergométrico, Monitor de Eventos, Ressonância Magnética do Coração e Estudo Eletrofisiológico Intracardíaco.
Quem determinará qual o melhor tratamento para o paciente é o médico especialista em arritmias: o arritmologista. Os tipos de tratamentos são: medicamentoso, ablação por cateter ou por implante de dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis (DCEI), como Marca-passo (MP), Cadioversor Desfibrilador Implantável (CDI) ou Ressincronizador.
Para prevenir as arritmias cardíacas, assim como as demais doenças, é preciso ter hábitos saudáveis, alimentação saudável, não se exceder no consumo de bebidas alcoólicas, energéticos, não usar tabaco, tratar diabetes e evitar obesidade. Também é importante dar atenção à saúde emocional, evitando o estresse. Toda atividade física e/ou esportiva moderada traz benefícios à saúde, mas antes de iniciá-la, deve-se procurar um médico para avaliação clínica e orientação adequada. Por fim, visitas regulares a um cardiologista, pelo menos uma vez por ano, são fundamentais. Preste atenção nos sinais do seu coração, como pulsações irregulares, batimentos intensos, rápidos, cansaço demasiado e sem motivo aparente, tonturas e desmaios.
FONTE: Site da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas – SOBRAC