Como as suas emoções interferem nas dores do corpo?

Em tempos corridos como os dias de hoje, não é raro que a gente deixe nossa saúde de lado e foque mais no sucesso profissional e financeiro. A vida moderna é repleta de estresses, o trabalho é maçante e o estilo das grandes cidades abre pouco espaço para o conforto emocional.
por PRÓ-VIDA — publicado 2019-05-29T16:10:32-03:00

    Em tempos corridos como os dias de hoje, não é raro que a gente deixe nossa saúde de lado e foque mais no sucesso profissional e financeiro. A vida moderna é repleta de estresses, o trabalho é maçante e o estilo das grandes cidades abre pouco espaço para o conforto emocional.

    O que muitas pessoas não percebem é que isso pode ter influências significativas no organismo. Os sentimentos ou o humor podem transformar a forma como reagimos à dor — nossos pensamentos possuem uma relação muito íntima com as diversas reações que permeiam nosso metabolismo, e um estado psicológico negativo pode trazer as mais diversas e impensadas consequências.

Ficou curioso sobre o assunto? Não parece essencial compreender melhor como as suas emoções interferem nas dores do corpo? Continue a leitura!

 

Exercícios físicos, música e dor

    Especialmente o treinamento com pesos na musculação — são realizados até o extremo da capacidade muscular e, logicamente, estão diretamente relacionados à dor e à resistência. O que pouca gente esperava era descobrir que ouvir músicas durante essas atividades liberaria substâncias químicas no cérebro, que ajudariam a reduzir a sensação dolorosa e o cansaço do exercício, aumentando ainda mais o desempenho.

    A explicação é que, quando ouvimos música, sentimos emoções positivas — e nosso sistema nervoso libera analgésicos naturais, as endorfinas, que agem no organismo. Quando interagimos com as melodias e harmonias de que gostamos, a liberação desses compostos é consideravelmente maior.

    Canções agradáveis ao ouvinte também ajudam a melhorar a saúde do coração — estudos mostram que elas também ativam a área do cérebro relacionada ao prazer, aumentando a sensação de bem-estar. Seu uso já é estudado na recuperação de pessoas que sofrem de doença arterial coronariana, sempre atreladas ao gosto musical de cada paciente.

    As músicas preferidas de cada um podem reduzir a ansiedade, diminuir a pressão arterial e fazer com que os ouvintes fiquem mais relaxados e tranquilos, equilibrando as suas emoções e minimizando consideravelmente as dores do corpo.

Estresse e sistema digestivo

    Ainda que intuitivamente, nós sempre soubemos que o sistema digestivo possui uma relação direta com nossos pensamentos e sentimentos. Quem nunca ficou sem apetite, com o intestino preso ou com dor de barriga em um momento de angústia — ou até desenvolveu gastrite depois de um longo período de estresse?

    O que poucos sabem é que isso é cientificamente comprovado — afinal, o intestino e o sistema nervoso têm a mesma origem embriológica. Cientistas já afirmam que mais do que o órgão responsável pela digestão, absorção e excreção dos alimentos, essas vísceras possuem uma vasta rede de neurônios, denominada sistema nervoso entérico. Nesse local, temos a produção de vários hormônios e neurotransmissores que atuam no trato gastrintestinal — mas, também, interagem com o sistema nervoso central.

    A serotonina, por exemplo — responsável pela sensação de bem-estar, ela é formada através de um aminoácido obtido na alimentação. Enquanto a glândula pineal produz uma parte desse neurotransmissor no cérebro, o intestino é responsável por outra parte da sua fabricação, pois ela também contribui para as contrações do peristaltismo que movimenta o bolo alimentar até o final do trato digestivo.

    Daí, podemos deduzir que pessoas com constipação intestinal crônica (prisão de ventre) acabam não tendo uma boa produção de serotonina e, por isso, apresentam maior irritabilidade, inclinação à depressão e, no caso das mulheres, exacerbação dos sintomas da TPM.

    Com base na percepção de que a região gastrointestinal é sensível às nossas emoções, e que elas podem se manifestar fisicamente como incômodo e dores na região, podemos concluir que o tratamento da ansiedade e do estresse com um acompanhamento multidisciplinar pode reduzir efetivamente os problemas digestivos.

 

Sistema imunológico e depressão

    Se a relação entre as emoções e as dores do corpo já ficaram bem claras nos exemplos acima, vale lembrar também que nossos sentimentos agem mesmo em todos os níveis do nosso organismo. Existe uma conexão fortíssima entre a saúde mental em seus estados nocivos — como depressão e raiva — e a capacidade de defesa contra doenças infecciosas e tumorais.

    Pesquisas mostram que neurotransmissores podem ativar certas células de defesa, cuja função primordial é a proteção do indivíduo contra males externos — como vírus, fungos e bactérias nocivas. Essa descoberta pode ter um importante impacto científico e médico, pois mostra como o equilíbrio das emoções pode ser fundamental no combate a diversas patologias. Isso, também, deve influenciar uma nova geração de medicamentos e tratamentos — que terão foco não apenas em combater o agente infeccioso, mas também em manter o estado emocional do paciente em equilíbrio perfeito.

    Estados de afeto positivo ou negativo parecem estar diretamente relacionados à ativação, ampliação, supressão ou diminuição de muitas atividades importantes realizadas pelas células imunológicas. Em outras palavras, a ativação do sistema imune passa por “mensageiros cerebrais” e pelo sistema nervoso, de modo que experiências nocivas na vida — como estresse, depressão, traumas e, até mesmo, lesões cerebrais — podem prejudicar direta e indiretamente a atuação das células de defesa, propiciando o desenvolvimento de doenças infecciosas, autoimunes e até de muitos tipos de câncer.

 

Emoção e dor, um conhecimento milenar

    Apesar dos estudos recentes relacionarem as emoções com as dores do corpo, algumas culturas já parecem conhecer essa afinidade há muitos séculos. A Medicina Tradicional Chinesa, por exemplo, faz associações entre os sentimentos e diversos órgãos do organismo, explicando quais desconfortos podem estar fortemente relacionados com seu mau funcionamento.

    Os compêndios da cultura oriental ligam, por exemplo, a ansiedade e a preocupação excessiva ao intestino grosso — corroborando o que as pesquisas atuais estão dizendo. Também conectam estados ansiosos com o coração e os pulmões, que se traduziriam em palpitações e respiração ofegante.

    A antiga medicina grega também não foge dessa linha — eles consideravam que sentimentos nobres como a alegria, a tranquilidade, o altruísmo e a empatia fortaleceriam o coração e o espírito da vida, melhorando as funções imunológicas.

    Eles também enxergavam a garganta como centro de comunicação do nosso corpo, além de alertar sobre o fato de que a incapacidade de expressão pode causar problemas emocionais — quem nunca experimentou o famoso nó na garganta?

    E então, entendeu um pouco melhor como as suas emoções interferem nas dores do corpo e no bem-estar geral do seu organismo? Portanto, procure equilibrar seus sentimentos — e veja como sua saúde poderá dar um verdadeiro salto de qualidade!

Autor:  Dr Leonardo Machado

Fonte: Portal Por uma vida sem dor