CORONAVÍRUS E ESPIRITUALIDADE

80% dos brasileiros têm algum tipo de religiosidade ou de espiritualidade, essencial para a adesão ao tratamento cardiológico e ao enfrentamento do Coronavírus
por pro-vida — publicado 2020-06-23T17:53:10-03:00

   A disposição em perdoar, gratidão, evitar rancor e ressentimento, têm múltiplos efeitos benéficos para o coração e é um grande aliado para estabilizar aspectos emocionais, cognitivos, fisiológicos, psicológicos e espirituais nesse momento

  Os cardiologistas recomendam em sua Diretriz de Prevenção Cardiovascular, tópicos relacionados à Espiritualidade, documento que reúne os estudos mais recentes sobre o tema, a importância da Espiritualidade para adesão ao tratamento, enfrentamento de situações desfavoráveis do cotidiano, mesmo para eliminar ou atenuar os fatores de risco para o coração, como tabagismo, o excesso álcool e peso, a falta de controle da pressão arterial, colesterol e diabetes, apenas para citar alguns exemplos.

  “A Espiritualidade será um fator de importância substancial no enfrentamento do Coronavírus”, afirma o diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP, Álvaro Avezum, que foi o coordenador do capítulo sobre Espiritualidade e Fatores Psicossociais em Medicina Cardiovascular da Diretriz. Avezum lembra que espiritualidade independe de afiliação religiosa e inclui ateus e agnósticos. “Aqueles que descreem ou possuem dúvidas da existência de Deus, não deixam de ser espiritualizados, a partir do momento em que encontram significado e propósito para a própria vida”, resume o especialista com base na conceituação filosófica que os cardiologistas fizeram sobre o assunto.

   Álvaro Avezum cita exemplos de alguns estudos relacionados no documento que comprovam, por meio de evidências científicas, que elevados níveis de espiritualidade e religiosidade estão associados a menor prevalência de tabagismo, por exemplo. “Concluímos também, analisando mais de uma centena de estudos nacionais e internacionais, incorporados na Diretriz, um menor consumo de álcool nestes grupos, melhor adesão nutricional e dos medicamentos para controlar a pressão alta, o colesterol elevado, o diabetes e a obesidade. Enfrentamento positivo de situações adversas da existência por meio do perdão, gratidão e otimismo podem influenciar positivamente nossa saúde cardiovascular”, completa. 

   A Diretriz que relacionou os benefícios para o coração da espiritualidade, tanto na prevenção primária, ou seja, nas pessoas que ainda não têm doença cardiovascular, quanto na prevenção secundária, naqueles indivíduos cardiopatas, agora podem ser aplicados no enfrentamento do Covid-19. “É essencial estar equilibrado e evitar o pânico, para não adoecer. A depressão, a ansiedade e sentimentos negativos agravam as doenças cardiovasculares. Enquanto a disposição em perdoar tem múltiplos efeitos benéficos para o coração e é um grande aliado para estabilizar aspectos emocionais, cognitivos, fisiológicos, psicológicos e espirituais”, ressalta Álvaro Avezum.

   A SOCESP divulgou e fez vários alertas de que todos devem seguir as recomendações e permanecer em casa. Para os cardiopatas, idosos e/ou com fatores de risco para o coração, a orientação é ainda mais importante e isso atinge a maior parte das pessoas. “45% da população adulta no Brasil tem hipertensão, cerca de 50% colesterol elevado, 11% diabetes, 50% de todos os brasileiros são sedentários e por aí vai... para combater o Coronavírus, o melhor é não se expor para não ser infectado e se valer da religiosidade e fé para enfrentar os desafios do isolamento social”, orienta Álvaro Avezum. Estudo citado na Diretriz revela efeito direto do perdão no coração de pessoas pesquisadas em contraponto com a raiva. “A gratidão, a resiliência, a meditação, o relaxamento trazem benefícios, como maior adesão aos tratamentos e reabilitação cardíaca mais rápida e são nossos aliados”, afirma Avezum com base nos estudos.

   Para o especialista, controlar os fatores de risco, como hipertensão arterial, colesterol, diabetes, enfrentamento positivo do estresse e depressão, lendo livros, assistindo séries,  fazendo algo que dê prazer; reflexões sobre a vida quanto ao significado, propósito e condutas solidárias dentro da sociedade, praticar exercícios regulares, mesmo nas residências; e ter uma alimentação saudável podem reduzir em até 80% as doenças cardiovasculares, além do fato “de estar em casa ser, até o momento, a única e eficaz ‘vacina’ para o Coronavírus”, completa o diretor da SOCESP.

 

Fonte: Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo