Estudo sugere que praticantes de yoga tenham proteção contra o declínio cognitivo no envelhecimento

Comparado a mulheres idosas que nunca praticaram yoga, mulheres idosas praticantes apresentam córtex pré-frontal esquerdo do cérebro mais espesso
por PRÓ-VIDA — publicado 2018-01-30T15:43:00-03:00

​Cientistas do Instituto do Cérebro (Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein), da Universidade Federal do ABC e da Harvard Medical School fizeram imagens do cérebro de mulheres idosas praticantes de yoga e encontraram um córtex pré-frontal mais espesso em regiões associadas a funções cognitivas como atenção e memória. Os resultados sugerem que o yoga pode ser uma maneira de proteger o cérebro contra o declínio cognitivo que ocorre no envelhecimento.
 
Quando envelhecemos, ocorrem mudanças estruturais e funcionais do cérebro e isto frequentemente leva ao declínio cognitivo, incluindo deficiências na atenção e memória. Uma das mudanças é a redução da espessura do córtex cerebral, o que os cientistas têm associado ao declínio cognitivo. Então, como podemos retardar ou reverter estas mudanças?
 
Você pode pensar em medicamentos que podem ser necessários para isto, mas supreendentemente a resposta pode estar em práticas contemplativas como o yoga. Praticantes de yoga mantem-se em posturas e realizam exercícios respiratórios e meditação.
“Da mesma maneira que os músculos, o cérebro também se desenvolve com o treinamento,” explica Elisa Kozasa, pesquisadora do INCE/IIEP do Einstein, orientadora do estudo, que recentemente foi publicado na Frontiers in Aging Neuroscience. “Como qualquer prática contemplativa, o yoga tem um componente cognitivo em que atenção e concentração são importantes”.
 
Estudos anteriores sugeriram que o yoga pode trazer benefícios à saúde similares ao exercício aeróbico, e que praticantes de yoga têm mostrado melhoras na consciência, atenção e memória. Idosos com declínio cognitivo leve têm também apresentado melhoras de seus sintomas após um breve treinamento em yoga. Mas pode a prática de yoga por vários anos remodelar seu cérebro significativamente e, em caso positivo, pode ela compensar algumas das mudanças que acontecem no cérebro com o envelhecimento? O grupo de pesquisa quis verificar se praticantes de yoga há longo tempo tinham diferenças em termos da estrutura cerebral comparado a idosos saudáveis, que nunca praticaram a modalidade.
 
Eles recrutaram 21 mulheres que fazem yoga (yoginis), que praticavam pelo menos duas vezes por semana, por um mínimo de 8 anos, apesar do grupo ter uma média de aproximadamente 15 anos de prática. Os pesquisadores compararam as yoginis com outro grupo de 21 mulheres saudáveis, que nunca praticaram yoga, meditação ou outra prática contemplativa, mas que foram pareadas com as yoginis em termos da idade (todas com mais de 60 anos) e níveis de atividade física. Para resultados mais consistentes, os pesquisadores recrutaram somente mulheres, e elas completaram questionários para avaliação de outros fatores que poderiam afetar a estrutura cerebral como depressão ou anos de educação formal.
 
Os pesquisadores fizeram as imagens do cérebro das participantes através da ressonância magnética funcional para verificar se haviam diferenças na estrutura cerebral. “Nós encontramos maior espessura cortical no córtex pré-frontal esquerdo nas yoginis, em regiões associadas com funções cognitivas como a atenção e memória”, menciona Rui Afonso, doutorando e autor principal do estudo. Como os grupos foram muito bem pareados em termos de outros fatores que podem modificar a estrutura cerebral, como níveis educacionais, e de depressão, a prática do yoga parece ser o fator subjacente à diferença estrutural dos cérebros.
Os resultados sugerem que a prática do yoga no longo prazo, pode mudar a estrutura do cérebro e pode proteger contra declínios cognitivos com a idade. Porém, o grupo planeja realizar mais estudos para verificar se estas diferenças cerebrais podem resultar em melhor performance cognitiva nas yoginis idosas.
 
Outra possibilidade é que pessoas com estas diferenças estruturais seriam mais propensas a praticar yoga. “Nós comparamos yoginis experientes com não praticantes, então nós não sabemos se as yoginis já tinham estas diferenças antes de começar o yoga”, explica Afonso. “Isto só pode ser confirmado por estudos acompanhando por alguns anos as pessoas a partir do momento em começam a prática do yoga”.

FONTE: Site do Hospital Albert Einstein

Publicado em: 26/07/2017