Falta de ar, coração acelerado, pupilas dilatadas: parece amor, mas é ansiedade!

Como é boa a sensação de sentir o coração acelerado, os olhos levemente nublados e certa falta de ar que acontecem quando chegamos próximos da pessoa amada, não é mesmo? Queremos estar juntos, abraçados e romanticamente conectados para que esses sintomas diminuam e tudo volte ao normal, fisiologicamente falando.
por Pró-Vida — publicado 2017-08-29T15:30:00-03:00

Esses mesmos sintomas, em intensidade muito maior, acontecem com pessoas que sofrem de ansiedade: o ar parece não ser suficiente, a vista começa a ficar embaçada, vertigem e suor frio e coração muito acelerado. Quem sente isso não consegue sequer explicar o nível de sofrimento que tem e, muitas vezes, a necessidade de explicar o porquê de estar se sentindo dessa forma só aumenta a percepção dos sintomas.

Segundo o DSM V (manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) os transtornos de ansiedade compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados.

Geralmente a pessoa ansiosa sente a necessidade de controlar as situações, pensamentos, eventos e problemas, pois a falta de certeza de que “tudo dará certo” ativa o medo e deixa o ansioso em alerta colocando-o em um circulo vicioso.

Como fazer para lidar com esses sintomas de ansiedade, que parecem amor (na verdade paixão), mas são extremamente desconfortáveis e podem, com o tempo, levar a queda de produtividade, afastamentos e adoecimento mais grave?

Primeiro: Respire! Mas, respire corretamente!

A respiração lenta, começando pela expiração (isso mesmo, comece soltando o ar), leva para o cérebro a informação de que não há perigo iminente e que ele pode deixar de produzir substancias relacionadas à defesa. Programe seu celular para três minutos de pausa e respire lentamente, não tente controlar seus pensamentos (a ideia de “não pensar” pode gerar mais ansiedade), deixe que eles passem.

Segundo: Relaxe! Principalmente o corpo

A ansiedade coloca o corpo em automático, no momento em que fizer a pausa direcione sua atenção para o corpo, vai tensionando e relaxando cada grupo muscular, comece nos pés e termine na cabeça. Perceba onde está mais dolorido e foque sua atenção para um relaxamento pleno.

 

 

Terceiro: Pratique a aceitação

O ansioso costuma oscilar entre passado e futuro com a tentativa de ter certeza de que tudo dará certo. Comece a praticar a ideia de que você não tem controle sobre tudo que acontece ou pode acontecer. Aceite a sua limitação e aceite que você jamais dará conta de resolver tudo. Fique no “aqui e agora” e procure fazer o melhor que puder, peça ajuda e delegue também algumas atividades. (o ansioso tem dificuldade de pedir ajuda).

Não é fácil, não é?

Lembre-se que tudo foi aprendido e da mesma forma pode ser “desaprendido”.

Caso sinta muita dificuldade em controlar esses sintomas, procure ajuda profissional, muitas vezes é necessário associar medicação e tratamento psicoterápico.

Cuide-se, vale a pena sentir o coração acelerado, pupila dilatada e falta de ar, mas só mesmo quando estamos apaixonados.

 

 

Kátia de Lima: Psicóloga do Núcleo Psicossocial Institucional (NPI/SESA)