Gestão do estresse em tempos de crise

por pro vida — publicado 2020-07-22T12:05:15-03:00

 

Onde você imaginou que estaria em agosto de 2020? Em algum momento você imaginou estar passando por uma situação de isolamento social, tendo que usar máscaras e trabalhando compulsoriamente de forma remota?

Na situação de pandemia provocada pelo Covid – 19 o estresse passou a ser personagem principal na vida da maioria das pessoas: conseguir equilibrar vida pessoal e trabalho, gerenciar o medo de contaminação, temer (e as vezes ter que lidar) com perdas tornou-se uma verdadeira ameaça para as pessoas.

Em situação de crise, podemos agir (respostas voluntárias) ou reagir (respostas automáticas) a situação, sendo que a segunda opção pode levar a um maior adoecimento e por vezes pode paralisar totalmente as pessoas.

As respostas automáticas geram pouco controle sobre nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos frente ao estresse. Dessa forma, podemos ter mais dificuldade para lidar com os acontecimentos: preocupações improdutivas, pensamentos repetitivos e intrusivos, dificuldades para dormir, reatividade emocional e falta de concentração.

Já as respostas voluntárias, apesar de exigirem esforço do indivíduo, trazem maior sensação de controle e geram enfrentamento mais consciente às diversas situações estressantes a que estamos expostos.

Marilda Lipp (1984), dentro de uma abordagem cognitivo-comportamental, define o estresse como "uma reação psicológica, com componentes emocionais físicos, mentais e químicos, a determinados estímulos que irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa"

Em tempos de crise, apresentar nível zero de estresse não parece ser possível, por isso falar em gestão de estresse é tão importante, pois o excesso está na base de muitas doenças físicas e emocionais.

Abaixo seguem algumas estratégias de ação (respostas voluntárias) para ajudar a gerenciar o estresse em épocas de crise:

1) Busque pessoas para acolher suas demandas emocionais (no Tribunal temos o Núcleo Psicossocial na SESA), elas podem ajudar a entender e gerenciar suas emoções, que podem parecer muito confusas em épocas de crise.

2) Questione pensamentos que podem estar potencializando seu estresse: “isso nunca vai passar”, “é daqui para pior”, “eu vou perder alguém” podem aumentar a sensação de desesperança.

3) Se você ainda não tem o hábito de praticar exercícios físicos, essa pode ser a hora! Prefira exercícios de baixa intensidade e alongamentos para começar. Essa prática pode te trazer uma sensação de bem estar.

4) Por falar em sensação de bem estar, busque se distrair com atividades prazerosas e que te deem satisfação, sempre que possível.

5) Não seja perfeccionista, esse não é o momento. Busque fazer as atividades da forma correta, sem exigir demais de você.

6) Converse com gestor e colegas de trabalho, não se isole, estamos todos atravessando uma tempestade, mas com dores e estratégias de enfrentamento diferentes. É momento de união, empatia e apoio mútuo.

7) Divida tarefas domésticas com todos que moram na mesma casa e delegue responsabilidades. A carga mental, principalmente para mulheres, das atividades domésticas potencializam o estresse e podem levar a exaustão e esgotamento.

8) Pratique a aceitação. Aceitar não é resignar-se, é abrir mão de tentar controlar o que não tem controle e agir nas situações que podem ser administradas. As coisas são como são e não como gostaríamos que fossem e está tudo bem.

9) Acredite no princípio da impermanência: As coisas mudam e, por mais difícil que esteja a atual situação, isso vai passar.

O estresse é a consequência do esforço psicofísico para encarar um obstáculo. Na psicoterapia, para administrar o stress, tratamos de aumentar os recursos da pessoa, para que o seu potencial suba e possa enfrentar o desafio de cima para baixo.

O stress em si não é uma coisa ruim. Sem ele, o ser humano ficaria vulnerável e não conseguiria lutar, trabalhar ou criar com a necessária energia. O ruim é o excesso de stress ou a falta de controle sobre ele.

Quer saber mais sobre o estresse e ferramentas práticas para gerenciá-lo melhor? Assista a palestra: Penso, logo me preocupo: como gerenciar o estresse em tempos de crise.

https://intranet2.tjdft.jus.br/instituto-de-formacao/cursos-servidores/2020/julho/webinar-como-gerenciar-estresse-tempo-crise

Autoria: Kátia de Lima (Psicóloga do NPI/CAM/SESA)

Lipp, M. e. N. (1984). Stress e suas implicações. Estudos de Psicologia, Campinas, v.1, n.3 e 4, p. 5-19, ago/dez.

Clark, D e Beck, A (2012). Vencendo a ansiedade e preocupação com a terapia cognitivo comportamental. Artmed. Porto Alegre.