O indivíduo pode apresentar sudorese excessiva, principalmente nas regiões palmar, plantar e axilar, locais onde predominam as glândulas sudoríparas, mas também na região craniofacial, sem relação com as necessidades termorreguladoras orgânicas.
Não se conhecem exatamente suas causas, mas admite-se que nos portadores de hiperidrose primária haja estimulação do sistema nervoso simpático, em nível central, provocando o excesso de sudorese.
Tipos e causas
Como já falamos anteriormente, é importante diferenciar hiperidrose primária (isto é, sem uma doença que a provoque) da hiperidrose secundária (quando uma outra doença – por exemplo, um distúrbio hormonal – é responsável pela sudorese excessiva), situação em que é de suma importância que se trate a doença primária.
Para a hiperidrose primária, em geral classificamos em subtipos pela área corpórea que é afetada pelo suor excessivo. É importante frisar que mais de uma área pode ser acometida no mesmo paciente. Descrevemos abaixo as apresentações mais comuns, lembrando que outras áreas também podem ser, menos frequentemente, afetadas.
Hiperidrose axilar : situação em que o paciente tem transpiração excessiva na região das axilas, sendo comum formarem-se "halos" de suor na vestimenta.
Hiperidrose crânio-facial : situação em que paciente tem transpiração excessiva na região do rosto, em especial na testa.
Hiperidrose palmar : situação em que o paciente tem transpiração excessiva na região das palmas das mãos; tipicamente o paciente se sente retraído socialmente, por vergonha de apertar a mão de outras pessoas. Além disto, é comum molhar papéis que a pessoa está segurando, ou ter dificuldades para segurar objetos (que podem escorregar pelo suor das mãos), situações que pioram ainda mais as repercussões psicológicas.
Hiperidrose plantar : situação em que o paciente tem transpiração excessiva na região das plantas dos pés, muitas vezes dificultando ou impossibilitando o uso de determinados tipos de calçados.
Fatores de risco
Ainda que não tenha uma causa bem estabelecida, sabe-se que é frequente a história familiar de hiperidrose em quem sofre desta doença, ou seja, há um componente hereditário para a hiperidrose. Como já comentado anteriormente, o sobrepeso e a obesidade também podem ser fatores de risco.
Incidência
Estudos epidemiológicos chegam a estimar em 3% a incidência da hiperidrose, ou seja, até 3 em cada 100 pessoas apresentam sudorese excessiva. É importante notar que isto pode variar de país para país, e, mesmo dentro de um mesmo país, as taxas podem ser diferentes (por exemplo, a depender do clima local). Embora a doença seja mais comum em adultos jovens, os sintomas podem se iniciar na infância, ou até mesmo em pacientes mais velhos.
Sinais e sintomas
A sudorese excessiva pode afetar uma ou várias regiões do corpo ao mesmo tempo, sendo, frequentemente, bilateral – ou seja – acometendo os dois lados do corpo.
Classicamente, o suor excessivo torna-se mais intenso quando o paciente fica nervoso. Inicia então um ciclo vicioso: quanto mais nervoso fica por suar, mais sua. No entanto, é importante frisar que, mesmo quando o paciente não está nervoso ou ansioso, a sudorese excessiva pode acontecer.
Diagnóstico
O diagnóstico da hiperidrose primária é essencialmente clínico, sendo realizado após conversar com o paciente e se realizar o exame físico.
Quando houver suspeita de se tratar de hiperidrose secundária (isto é, quando a sudorese excessiva é um sintoma de outra doença), pode-se lançar mão de exames subsidiários (por exemplo, medição de hormônios, pesquisa de tuberculose, etc).
Tratamento
O tratamento da hiperidrose pode ser feito de várias maneiras, e caberá ao médico, junto ao paciente, discutir e definir o tratamento mais adequado. Em linhas gerais, podemos dividir em três formas de tratamento:
Tratamentos tópicos: são aqueles que agem sobre as glândulas de suor, de diversas maneiras.
Anti perspirantes: são produtos que em geral possuem cloridrato de alumínio, que levam ao fechamento dos ductos das glândulas de suor. Podem causar reações alérgicas que impeçam seu uso a longo prazo
Curetagem/Lipoaspiração das glândulas de suor: procedimento que pode ser realizado na região axilar, em que, cirurgicamente, se retiram as glândulas de suor. Trata-se de procedimento invasivo, que deve ser muito bem discutido entre paciente e médico.
Iontoforese: trata-se de técnica em que a região do corpo em que há suor excessivo é submetida a uma corrente elétrica, para “inativação” temporária das glândulas de suor. Em geral são necessárias várias sessões, sem as quais a sudorese excessiva tende a voltar.
Toxina botulínica: a aplicação de toxina botulínica “desativa” por um período de tempo as glândulas de suor em algumas regiões do corpo. São necessárias novas aplicações em intervalos de tempo, pois os sintomas usualmente voltam.
Tratamentos com remédios por via oral: são aqueles em que um remédio, por boca, tem objetivo de reduzir o suor excessivo
Anticolinérgicos (por ex: oxibutinina e glicopirrolato): são medicações que foram criadas para tratar outras doenças, mas que têm como “efeito colateral” reduzir o suor. Estudos clínicos têm demonstrado resposta bastante positiva com estes medicamentos para hiperidrose em diferentes sítios (axilar, craniofacial, palmar, plantar), e por longo prazo. Têm como principal efeito colateral a boca seca, e seu uso não é recomendado em gestantes, bem como não é recomendado em pacientes com alguns problemas oculares (por ex: glaucoma), intestinais ou urológicos.
Tratamento cirúrgico com simpatectomia: tratamento que consiste em desconectar parte do sistema nervoso responsável pela sudorese.
A cirurgia de simpatectomia tem por objetivo “desconectar” os nervos que estimulam as glândulas de suor, causando, assim, a ausência de suor na região de interesse. Para cada região de queixa de suor excessivo, há uma localização em que os nervos devem ser “desconectados”, podendo ser necessário realizar a cirurgia no tórax (em geral para hiperidrose axilar, craniofacial, ou palmar) ou no abdome (para hiperidrose plantar).
Atualmente, é realizada frequentemente através de técnicas minimamente invasivas, com o uso de vídeo cirurgia.
Embora seja muito eficaz (por volta de 97% de eficácia em “desligar” o suor na região da queixa do paciente), este tipo de cirurgia pode acarretar um quadro de hiperidrose compensatória, que é a “transferência” do suor para uma região em que antes ela não ocorria (por exemplo, após uma cirurgia para tratar o suor excessivo nas mãos, o paciente pode passar a suar excessivamente no abdome – local em que ele não suava antes).
Prevenção
Não há medidas específicas para prevenção da hiperidrose; em alguns subtipos, como na hiperidrose crânio-facial, manter-se dentro do peso ideal pode ajudar a diminuir os sintomas.