Por que incluir a Espiritualidade na abordagem médica?

Pesquisadores em grandes centros universitários de vários países reconhecem a espiritualidade como algo inerente ao ser humano e que pode determinar de maneira inequívoca o desfecho de várias formas de adoecimento, como tem demonstrado diversos trabalhos científicos já publicados.
por PRÓ-VIDA — publicado 2018-08-21T18:56:00-03:00

   

     O mundo passa por rápidas e constantes mudanças que se fazem sentir em grande parte das áreas do conhecimento humano. Não é novidade de que a ciência médica, apesar do imenso avanço tecnológico, não tem obtido todas as respostas e esclarecimentos para o processo de adoecimento e suas singularidades no complexo contexto biopsicossocial e espiritual do ser humano.

Assim, contrapondo-se a esta realidade, têm surgido eminentes pesquisadores em grandes centros universitários de vários países que, destituídos de qualquer preconceito e movidos pelo verdadeiro espírito científico, reconhecem a espiritualidade como algo inerente ao ser humano e que pode determinar de maneira inequívoca o desfecho de várias formas de adoecimento, como tem demonstrado diversos trabalhos científicos já publicados.

    O Dr Harold Koenig, médico e pesquisador da Universidade de Duke nos EUA, foi um desses pioneiros, demonstrando que os pacientes que acreditam em Deus, ou que tenham desenvolvido sua espiritualidade (entendida aqui como a busca pessoal pelo sentido ou propósito de vida), em geral, têm melhor resposta imunológica, menor tempo de internação e maior rede de apoio social diante do adoecimento.

    Sabe-se que cerca de 2/3 das faculdades de Medicina americanas já possuem a disciplina saúde e espiritualidade dentro da grade curricular. Isso é bastante interessante porque, de certa forma, é o retorno da ligação entre “ciência e religião” que em um contexto histórico e, talvez necessário, foram se distanciando e, com isso, dificultando o entendimento da integralidade do ser humano o qual vai muito além da matéria tangível.

    As pesquisas na área da psiconeuroimunologia, que tem a Dra Candace Pert (Johns Hopkins University School of Medicine) como importante pesquisadora, demonstram a profunda interação entre as nossas emoções e as respostas neuroquímicas do nosso organismo. Ainda corroborando com essa descoberta, pode-se citar o Dr Amit Goswami(professor de física quântica da Universidade de Oregon-EUA) que nos traz o conceito da causalidade descendente,ou seja, a consciência do indivíduo com suas escolhas influenciando, em última instância, as respostas biológicas do organismo.

    Observa-se também o crescente número de publicações médicas em revistas conceituadas( The Lancet, New England Journal of Medicine, British Medical Journal, JAMA etc) que abordam temas como o valor da prece na terapêutica.

    Esses são alguns exemplos que trazem, dentro dos avanços extraordinários e não menos importantes da ciência, uma ampliação da visão do ser humano.

    Para finalizar, citamos o Dr Hebert Benson, que nos anos 70 iniciou seus estudos sobre mentalização ou técnica de meditação na Harvard Medical School, e que, em seu livro Medicina Espiritual(publicado em 1996), afirma: ...”em meus 30 anos de prática de medicina, nenhuma força curativa é mais impressionante ou mais universalmente acessível do que o poder do indivíduo de cuidar de si e de se curar”. E acentua: “os anelos da alma - a fé, a esperança e o amor – são eternos, inclinações naturais que o pensamento ocidental moderno reprimiu, mas jamais subjugou.”

    Assim, perguntamos: por que não retomarmos o caminho de ligação, sob nova ótica, entre saúde e espiritualidade e, dessa forma, entender melhor o ser que adoece?

 

Autora: Dra Fabíola de Fátima Zanetti

Médica do TJDFT