Des. Romão Cícero de Oliveira, Presidente do TJDFT - posse de servidores

por ACS — publicado 2018-12-27T17:25:00-03:00

Senhoras e Senhores,

Caríssimos novos servidores ora empossados,

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, através da sua Administração aqui representada, anela que cada uma das Senhoras e cada um dos Senhores, ao lado dos seus parentes e amigos, regozije-se por haver conquistado mais um ponto no espaço de onde poderá servir mais e melhor.

Nós, os humanos, às vezes, desperdiçamos a oportunidade de servir, esperando sermos servidos. É uma erronia própria dos mortais, dos deuses pequeninos e vaidosos, que praticam a autoidolatria. O Criador, porque é Supremo e Autossuficiente, não precisa, nem quer ser servido. Ao contrário, a todos serve.

O Estado é um ente abstrato que recebe um quinhão dos bens mais preciosos dos seus súditos para lhes garantir, mais intensamente, o usufruto daquilo que o Direito Natural, desde os primórdios, lhes outorgou: vida, liberdade, dignidade, honra e propriedade, entre outros, ou desses direitos decorrentes.

Como ente abstrato que é, o Estado somente poderá cumprir a promessa feita, através de seus servidores, a exemplo das senhoras e dos senhores ora empossados e compromissados com a vontade do Estado no sentido de atender da forma melhor possível a todos os cidadãos, não apenas a seus procuradores que aqui comparecem observando a liturgia, a ritualística que o protocolo recomenda.

Não! O nosso dever é atender bem, servir com absoluta presteza, da forma mais relevante e dentro do menor espaço razoável de tempo, a todos que busquem certa prestação, ainda que seja para orientar o destino que o pleiteante deve seguir, quando sua pretensão não corresponder às nossas atribuições.

Nós, que somos servidores, teremos de avaliar não o nosso tempo, mas o tempo do cidadão, de Sua Excelência o contribuinte, ainda que descamisado, andrajoso e nauseabundo, vez que seus minguados centavos - seus tributos - carreados para a formação mensal dos nossos vencimentos foram obtidos da forma mais penosa que os milhões recolhidos ao erário pelos magnatas, quando fazem com regularidade. E, de regra, somente esses últimos têm o poder de sonegação.  E não podemos olvidar que o tempo é um bem muito precioso, vez que muito escasso e indispensável; a sua escassez aliada à sua indispensabilidade intensifica sua valoração. Tenhamos sempre como certo que o indispensável não advirá do passado nem é encontrável no futuro; está sempre no presente, até porque o tempo é apenas um átimo.

Vamos, pois, economizar o tempo do cidadão, do contribuinte, que, em última instância, é o nosso empregador. E, na medida do razoável, economizar o nosso próprio tempo.

Caríssimos novos servidores da Casa, os senhores acabam de ingressar num templo, guardião do altar destinado a uma Trindade. Aqui reinam e sempre reinarão a Sabedoria, a Verdade e a Justiça. Essas três deusas aliadas à nossa capacidade de servir transformam poeira em ouro e escravidão em liberdade.

Todos sabem que somente a verdade traz consigo a libertação. Logo, quem a busca há de sair dos nevoeiros e das fuligens e procurar abrigo no ambiente luminoso onde essa divindade habita. E quem ao menos puser a mão na orla do vestido da Verdade alcançará conhecimento purificado pela Sabedoria. Por sua vez, a Justiça, segundo a pena estilizada de Calamandrei, é uma divindade que somente se manifesta àqueles que nela creem.

Concito, pois, cada uma das senhoras e cada um dos senhores a servirem com lealdade, sabedoria e verdade, procurando sempre honrar o bom nome da JUSTIÇA, sem indagar o que é que o TJDFT nos oferece, contudo, sempre perquirindo como poderemos fazer mais e melhor em prol do Tribunal e, consequentemente, em benefício do cidadão, do contribuinte, do jurisdicionado.

Muito obrigado.

Desembargador Romão C. Oliveira

Presidente do TJDFT