Aposentadoria do Desembargador Carlos Divino Rodrigues

por ACS — publicado 2020-12-18T21:06:56-03:00

Sr. Presidente, estimados pares,
Nesta sessão derradeira de 2020, que veio a coincidir com o encerramento voluntário da minha carreira na magistratura, gostaria de fazer alguns registros.
Primeiro, agradecer a todos/as integrantes deste colegiado, pela honra de ombreá-los/las nas labutas judicantes. Muito aprendi com Vossas Excelências, e rendo-me insolvente diante de tantas dívidas impagáveis.
Estendo agradecimentos aos colegas ainda em primeira instância, com quem também apreendi por tantas e tão belas sentenças que a mim chegaram para revisão recursal. Lá tenho amizades que alimentam minha alma.
Também rendo agradecimentos aos/às servidores/as que me auxiliaram ao longo da carreira, sem os/as quais eu não teria alcançado qualquer êxito. Aliás, quero mesmo reconhecer a injustiça de ter me apropriado de sua produção, de sua cultura, de sua arte e dedicação, mas assim o foi em razão do mero formalismo com o qual tudo se converte em atos judiciais.
Não posso deixar de agradecer a Deus que, na sua infinita generosidade, permitiu que eu saísse das agruras do campo em Rubiataba-Goiás, para alcançar tão elevado cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, na Capital da República do meu Brasil de amor incondicional.
E ainda a Deus, por me dar a oportunidade de conhecer os infortúnios alheios e, na dimensão contenciosa, com eles aprender ricos ensinamentos para a minha vida pessoal.
Não carrego arrependimentos ou mágoas, porque tudo valeu a pena. São 27 anos, 7 meses e 11 dias de glórias infinitas. Minha consciência está tranquila, exceto pelo fato de saber que tantas vezes pessoas esperavam mais de mim, e não atendi suas expectativas. Rogo que acreditem que fiz o melhor que eu poderia ter feito, nada guardei ou soneguei. E que nas minhas limitações, lutei o bom combate.
Enfim, meus agradecimentos a essa amada cidade que tão bem me acolheu e ainda me adotou como cidadão honorário. O amor é recíproco e verdadeiro e me prende aqui para sempre, e seu solo generoso há de acolher o meu corpo no dia certo.
A razão maior para a minha aposentadoria é a busca da aventura por uma nova brincadeira; a de fazer inéditas experiências profissionais e pessoais nesse tempo tão curto em que a vida flui rumo ao universal.
Se um ciclo termina, outro começa. Por isso acredito que a nova etapa será bastante divertida, já que levo na bagagem somente abundantes bênçãos que recebi. Ora, a incerteza também encanta, motiva, instiga e nos arremessa a outros patamares.
Nem eu mesmo sei exatamente o que me aguarda. Somente sei que a ansiedade e apreensão não ofuscam a intenção de desencadear projetos profissionais antigos, ou mesmo alguma investida acadêmica que ainda se encontra na fase de um mero esboço.
Sei também que terei pela frente um duro desafio: o do recolhimento institucional ao limite no qual não seja visto como desapego à amizade e ao respeito que tenho por todos/as magistrados/as e servidores/as da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
Aliás, nesse ponto, talvez seja oportuno adiantar que, mesmo sendo egresso da longínqua e esquecida advocacia predominantemente pública exercida em Goiás, não pretendo abraçá-la por meio de uma típica banca concorrencial. Mas é certo que o amor que tenho pelo Direito jamais me distanciará de suas práticas. Portanto, refuto especulativo tudo o que queira se aventurar para além disso.
E assim encerrando, considero que deixei pouco de mim, mas confesso que levo muito de todos/as.
Tenham um Feliz Natal e Ano Novo próspero, com muita saúde e bênçãos de Deus.

Carlos Divino Vieira Rodrigues