Iniciado julgamento de Marcelo Bauer no Tribunal do Júri de Brasília

por ACS — publicado 2012-04-12T00:00:00-03:00
Deu início na manhã desta quinta-feira, 12/4, no Tribunal do Júri de Brasília, o julgamento de Marcelo Bauer, 45 anos, acusado de sequestrar e matar a ex-namorada Thaís Muniz Mendonça, em julho de 1987.

Das seis testemunhas de acusação intimadas, cinco compareceram e já foram ouvidas em Plenário, entre elas a mãe e a irmã da vítima. A defesa do réu arrolou três testemunhas, mas apenas uma compareceu ao julgamento desta quinta-feira e seu depoimento também foi ouvido hoje no período matutino.

Neste momento o Tribunal do Júri encontra-se em recesso para o almoço. Após o intervalo começam os debates do Ministério Público e da Defesa. Ao final, os jurados serão convidados a proceder à votação e o juiz-presidente da sessão, em conformidade com a decisão soberana do Conselho de Sentença, proferirá o veredicto.

Narra a denúncia que, entre os dias 10 e 11 de julho de 1987, Bauer teria sequestrado a moça no campus da Universidade de Brasília, e após asfixiá-la com substância tóxica e deixá-la completamente desfalecida, a teria puxado para o seu veículo e, de maneira cruel, desferido contra ela 19 facadas na região mamária e carotidianas para "a seguir, em local ermo, no matagal existente nas proximidades da SQN 415, na direção do Lago Norte, disparar-lhe um tiro de revólver na região parietal esquerda, causando-lhe, assim, as lesões que foram a causa eficiente de sua morte". Para o Ministério Público, o rapaz teria agido por contrariedade, desejos, ânsia de posse da pessoa amada, ciúme e sentimentos de vingança e já havia cometido várias ameaças e tentativas de seqüestro e de morte contra ela.

No ano passado, o Tribunal do Júri de Brasília agendou o julgamento do réu para o dia 9/11. Marcelo seria julgado à revelia, tendo sido citado por edital, por estar foragido. Cerca de um mês e meio antes da sessão, a família de Bauer constituiu um advogado para ele que, momentos antes de iniciar o julgamento, fez chegar às mãos do juiz presidente uma solicitação para que o júri fosse adiado. O motivo alegado é que o patrono estaria doente e hospitalizado. O crime prescreverá apenas em 22/05/2029.

Marcelo Bauer encontra-se foragido desde a época do crime e está sendo julgado à revelia. Ele foi localizado 13 anos após o ocorrido, na cidade de Aarhus, na Dinamarca, onde já estaria morando há oito anos. Na ocasião, ele chegou a ser preso pela Interpol, permanecendo detido por oito meses. O Ministério da Justiça, então, pediu sua extradição que foi aceita pelo governo dinamarquês. No entanto, a defesa de Bauer recorreu à corte de justiça de Aarhus e a extradição foi suspensa e o brasileiro foi liberado.

Diante da decisão da corte de Aarhus, o governo brasileiro apelou para a Suprema Corte da Dinamarca. A extradição foi então autorizada, mas Marcelo não se encontrava mais em solo dinamarquês. Marcelo neto de alemão, solicitou cidadania junto àquele país. A Interpol voltou a localizá-lo naquele país. Em 2002, o governo alemão negou a extradição de Bauer, após pedido formulado pelo Brasil.

A cidadania alemã impediu sua extradição. Na época, a juíza Leila Cury, então substituta do Tribunal do Júri de Brasília, empenhou-se em conseguir a extradição do réu ao lado das autoridades brasileiras envolvidas no pedido, o que não ocorreu.