Caso Villela - dois acusados foram ouvidos hoje

Partes têm três dias para requerer diligências
por ACS — publicado 2012-03-30T00:00:00-03:00

O Tribunal do Júri de Brasília ouviu hoje (30/3) dois dos acusados no processo que apura o homicídio do ministro José Guilherme Villela, de sua esposa Maria Carvalho Mendes Villela e da empregada do casal Francisca Nascimento da Silva, ocorrido em agosto de 2009, na 113 Sul. Na audiência, que aconteceu das 9h40 ao meio-dia, foram ouvidos os réus Paulo Cardoso Santana e Francisco Mairlon Aguiar. Ambos negaram as acusações e afirmaram ser inocentes. Ministério Público e defesa têm agora três dias para requerer diligências.

Paulo, 24 anos, foi o primeiro a ser ouvido. Ele alegou que foi agredido pela polícia e que deu seu depoimento para parar de apanhar. "Eles me ensinaram eu falar tudo, doutor" (sic), contou ao representante do Ministério Público. Várias vezes, afirmou que Leonardo pedira perdão a ele por tê-lo envolvido na história do crime e que o teria feito porque "estava levando taca demais". Apontou uma outra pessoa de Montalvânia que considera ter participação no crime.

O depoimento de Francisco Mairlon, que durou pouco mais de uma hora, foi carregado de emoção. Negou com veemência as acusações que pesam contra ele e afirmou que fora obrigado a dar os depoimentos que o incriminaram. Disse que não sofreu agressões físicas por parte da polícia, mas sim tortura psicológica. Afirmou que está preso há um ano, quatro meses e sete dias e que está sozinho em uma cela. "Estou sendo injustiçado por uma coisa na qual não tenho participação", argumentou. "Se alguém tiver qualquer dúvida da minha inocência, que conheça a minha vida e da minha família", completou. Contou que, ao ser preso, deixou a esposa grávida de oito meses e que apenas uma vez pôde ver o filho, no presídio. A defesa de Adriana Villela manifestou-se afirmando que, por conhecer bem o processo, tem convicção de que Francisco é inocente.

Esta foi a décima primeira audiência do processo cujos autos já somam mais de 11 mil folhas, em 56 volumes. Entre os meses de novembro/2011 e fevereiro/2012, foram realizadas nove audiências, quando foram ouvidas cerca de quarenta testemunhas. Várias oitivas foram realizadas também por meio de cartas precatórias. Outra audiência aconteceu no último dia 16/3, quando tiveram início os interrogatórios dos réus. Adriana Villela, filha das vítimas e acusada de ser mandante do crime, foi a primeira a ser ouvida. Em seu depoimento, negou todas as acusações contra ela e criticou o trabalho realizado pela polícia que chamou de "investigação pouco técnica e científica". Em seguida, foi tomado o depoimento de Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do bloco onde o casal residia. Ele se disse inocente e afirmou ter apanhado para confessar o crime.

Após as diligências apresentadas pelas partes e as alegações, o juiz deve proferir sentença determinando se os réus irão ou não a julgamento popular.