Ver com os ouvidos e ouvir com as mãos - Diversidarte mostra que a inclusão é possível

por SB — publicado 2012-09-18T18:40:00-03:00

sergioO segundo dia da 3ª Diversidarte - mesclando singularidades foi marcado pelo trinômio possibilidade, consciência e emoção. Três palestras abordaram a temática da superação através de histórias de vidas carinhosamente compartilhadas por pessoas que não viram na deficiência um impedimento para perseguir os próprios sonhos. Falando aos servidores do Fórum do Paranoá, a ex-miss Ceará, Vanessa Vidal,  ressaltou que a deficiência está no ambiente e não nas pessoas. Os servidores de Ceilândia assistiram à palestra Pantanal 120K, ministrada pelo primeiro atleta deficiente visual do mundo a correr uma Ultra-Maratona, Adauto Belli, e pelo servidor do TJDFT Weimar Pettengill. Ambos percorreram correndo 120 km no pantanal sul-matogrossense. “Você conseguir alguém que te empreste os olhos e que mesmo sem condições segue com você é o máximo!”, comentou Adauto referindo-se a Weimar. No Fórum de Brasília, o atleta paralímpico e servidor do TJDFT, Sérgio Fróes, contou de que forma o esporte, a princípio apenas uma terapia,  ganhou espaço em sua vida e trouxe a ele a possibilidade de competir em diversos países ao redor do mundo, inclusive em duas olimpíadas.

A palestra de Sérgio foi precedida da exibição de dois curta-metragens, um deles dirigido por um cineasta cego. João Júlio Antunes, deficiente visual, apresentou em avant première o filme O Jogo e Antônio Balbino exibiu o curta Direção Cega no qual aborda a forma de trabalhar de João Júlio. Este último foi premiado no 10º Festival de Cinema de Taguatinga. O Núcleo de Inclusão disponibilizou aos presentes equipamento para audiodescrição no qual, através de fones de ouvidos,  um locutor narra as cenas do filme para o espectador. Na plateia, várias pessoas videntes (com visão) concordaram em participar da experiência de ouvir a descrição das imagens com os olhos fechados. Uma delas foi a servidora Fernanda Barros, que trabalha no gabinete do Desembargador Romão Cícero. Fernanda conta que gostou da experiência, mas confessa que de vez em quando abria os olhos para conferir se a imagem mental que criava correspondia à imagem do filme. Constatou que havia realmente muita semelhança.  João Júlio tem grande engajamento na luta pela implantação dessa alternativa que, de 2007, tem sido disponibilizada no  Festiva de Cinema de Brasília.

Além da experiência de ver com os ouvidos, a Diversidarte proporcionou também a vivência de ver com as mãos, dessa vez aos servidores e usuários do Fórum do Paranoá, por meio de uma oficina dos sentidos coordenada pela Associação Brasiliense de Deficientes Visuais - ABDV, na qual as pessoas, de olhos vendados, eram desafiadas e identificar objetos pelo tato. Ao mesmo tempo, os presentes tiveram a oportunidade de assistir a uma performance de tricô feito por artesãs com deficiência visual e aprender alguns elementos da linguagem braile, ministrados pela servidora Neuma Pereira.

A cada dia, a cultura da inclusão torna-se mais arraigada no TJDFT. Iniciativas pessoais também mostram a consciência da possibilidade de participação de cada um na construção de um mundo onde todos tenham oportunidades iguais, ainda que com características diferentes. Um exemplo a ser ressaltado é o do juiz Fábio Esteves que ministra aulas de Direito em um curso gratuito voltado para pessoas com deficiência auditiva, onde as aulas são traduzidas na Língua Brasileira de Sinais - Libras.

O Núcleo de Inclusão é uma iniciativa pioneira do TJDFT que, com sua criação em 2009, antecipou-se à  Recomendação nº 27 do CNJ que prescrevia a adoção de "medidas para a remoção de barreiras físicas, arquitetônicas, de comunicação e atitudinais de modo a promover o amplo e irrestrito acesso de pessoas com deficiência".