Debates e reflexões sobre racismo marcam curso do Programa Justiça Comunitária do TJDFT

por ACS — publicado 2016-10-06T11:10:00-03:00

Justiça Comunitária Curso Combate ao RacismoO Programa Justiça Comunitária - PJC, do TJDFT, realizou, nos dias 24/9 e 1º/10, o “III Curso de Combate ao Racismo: qual o seu papel nessa história?”. Realizado em parceria com o Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB e com o Programa Jovem de Expressão, o curso foi marcado por debates e reflexões sobre o racismo e os impactos na sociedade brasileira, com um público de cerca de 100 pessoas.

No dia 24/9, o curso foi marcado por depoimentos pessoais sobre vivências de luta, dor e do sofrimento causado pelo racismo na vida dos participantes. Houve, também, esquetes e palestras, como a proferida pelas servidoras do PJC/TJDFT Ludmila Suaid e Cida Santos, que abordaram reflexões críticas acerca do uso do conceito de raça para diferenciar e subjugar povos, fato que justificou o colonialismo e a escravidão, e que tem reflexos na sociedade brasileira contemporânea.

O segundo dia de curso, ocorrido no último sábado, 1º/10, contou com debates, palestras, apresentação musical de rape apresentação teatral do Coletivo Elementos Pretos que, ao tratar do genocídio da juventude negra, emocionou o público. A partir da exposição de dados estatísticos que indicam a realidade da violência contra os jovens negros e pobres e o sofrimento psíquico das vítimas do preconceito e de seus familiares, o aluno Edno Alves, participante do curso, afirmou : “Quando eu era mais jovem, não entendia porque as coisas não aconteciam pra mim. Não sabia porque diziam ‘esse aí não passa dos 20 anos’. Agora faço curso de Serviço Social e estudo sobre as  mortes de jovens negros. As estatísticas  também me respondem”.

O encontro foi encerrado pela juíza aposentada do TJDFT Carla Patrícia Frade Lopes. Autora do livro “O sistema de cotas para afrodescedentes e o possível diálogo com o Direito”, a magistrada explicou diversos aspectos que embasam o sistema de cotas raciais, sendo essa uma política pública de ação afirmativa. “Nossa sociedade foi estruturada com base no sistema de escravidão que foi formalmente abolida. O negro era considerado ‘coisa’ (res no Direito); uma sociedade que empregou um nome de ‘coisa’ a um grupo de pessoas com o respaldo do Estado". E, acrescentou: “parte-se do princípio que a igualdade está posta no sistema constitucional. Mas o sistema necessita ir além da formalidade”.