Constelações Sistêmicas chegam ao Programa Justiça Comunitária do TJDFT

por ACS — publicado 2017-07-06T17:10:00-03:00

Na tarde da última sexta-feira, dia 30/6, o Programa Justiça Comunitária - PJC do TJDFT conheceu a prática das constelações, em atividade que ocorreu na sede do PJC, Fórum de Ceilândia, e foi conduzida por Adhara Campos Vieira. A palestrante convidada pelo Programa envolveu servidores, agentes comunitários e grupo de apoio da consteladora, em ação pedagógica que integra o projeto de capacitação da equipe do PJC. O TJDFT, assim como outros tribunais no Brasil, tem utilizado com sucesso as constelações associadas a outras práticas de resolução de conflito.

A técnica trabalha por meio de representações e com imagens espaciais e é baseada na teoria dos sistemas. Pela técnica da constelação, que pode se dar por vivências em grupo, busca-se auxiliar aos participantes dos encontros à percepção de que há divergências que frequentemente estão camufladas nas demandas judiciais. Essa compreensão contribui para a resolução de conflitos e protagonismo das partes envolvidas, aspectos fundamentais na prática da mediação comunitária, trabalhada pelo PJC, que entre seus eixos de atuação traz a mediação de conflitos na comunidade, a promoção da paz social, a comunicação não violenta, com a proposta de uma prática social de emancipação e autonomia.

Em sua palestra no PJC, Adhara Campos apresentou conceitos e características, entre outros aspectos relativos ao tema. Abordou diferenças entre Justiça e Direito, estatísticas que demonstram o sucesso da prática, bem como a importância da visão sistêmica do indivíduo em suas relações familiares e sociais: “Queiramos ou não, estamos vinculados uns aos outros, muitas vezes não temos consciência de que estamos repetindo histórias de nossa família”, avalia a consteladora.

A palestrante explicou também que “a constelação trabalha questões pontuais, trazendo para a consciência um novo olhar sobre um ponto específico das relações". O método, baseado em conceitos como a transgeracionalidade, traz os três níveis de consciência (individual, coletiva e universal) e ideias de pertencimento a grupos sociais já enunciados pela Sociologia (Durkheim). “Isso não é, naturalmente, uma psicoterapia, mas pode abrir a necessidade ou desejo para um trabalho mais aprofundado nesse sentido”.

Após a aula, a facilitadora desenvolveu a vivência do processo de constelação com o grupo, o que ampliou o campo de reflexão e emoção para os presentes. A agente comunitária Maria Lúcia de Lima declarou: “Foi um momento mágico em que várias estrelas brilharam. Fiquei encantada e muito emocionada, pois não sabia que a dinâmica da constelação funcionava desse modo. E também foi um momento de nos conhecermos um pouco mais e deixarmos fluir nossas emoções. Grande chance de percebermos que somos reflexo de nossos pais e que devemos analisar, de forma mais profunda, a convivência com nossos entes queridos e compreender melhor a cada um”.

Para a agente Dayane Martins Araújo, a oportunidade de conhecer o tema no PJC foi valiosa: “A emoção tomou conta da aula e, pela minha percepção, tocou a todos. A construção simbólica do sistema que foi formado através dos personagens nos deu a visualização de como a constelação atua; abriu novos rumos para se perceber como uma família pode se observar, se reconciliar, e como cada um pode ocupar ou se reinserir em seu próprio lugar naquele grupo. Da palestra, destaco as considerações sobre o campo mórfico e sobre capacidade de sentir a emoção do outro. Vi ali como não devemos nos cobrar tanto e, sim, nos perdoar mais".

Projeto Constelar e Conciliar - Constelações Sistêmicas no TJDFT

A implantação do Projeto Constelar e Conciliar no TJDFT está em consonância com a Resolução 125/2010 do CNJ.  A prática foi iniciada a partir de pesquisa acadêmica, em virtude do trabalho de conclusão de curso da voluntária do projeto, Adhara Campos, intitulado “A constelação sistêmica como um instrumento de mediação para a resolução de conflitos no Poder Judiciário”, orientada pelo Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Dr. Nefi Cordeiro, na ocasião, integrante do Conselho Consultivo da Presidência para Métodos de Soluções de Conflitos do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, e autorizada pelo juiz titular de Direito da Vara da Infância e Juventude – VIJ, Dr. Renato Scussel, em uma unidade de acolhimento, o Lar São José.

O Projeto “Constelar e Conciliar” ocorre por meio de palestras públicas e vivências em grupo, ministradas antes das sessões de conciliação e mediação, nos Centros Judiciários de Soluções de Conflitos e Cidadania – CEJUSC (Brasília e Taguatinga); na Primeira Vara Criminal; na Vara Cível, Órfãos e Sucessões do Núcleo Bandeirante; na Primeira, Segunda e Terceira Varas de Família de Taguatinga; no Primeiro Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Brasília e do Riacho Fundo; na Vara de Execução de Medidas Socioeducativas do Distrito Federal e em sessões adicionais ao Programa dos Superendividados. Atualmente, as juízas do TJDFT Luciana Yuki e Magáli Dellape coordenam o projeto. No Judicíario nacional, os Tribunais da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Alagoas e Rondônia também adotaram as constelações sistêmicas na busca do desenvolvimento de soluções integradoras, e dados estatísticos informam que a metodologia tem sido aplicada com sucesso.