Artigo de supervisor da VIJ-DF fala sobre busca ativa para fins de adoção

por LF SECOM/VIJ — publicado 2018-09-11T08:40:00-03:00

Informações, dados, fotos e vídeos de crianças e adolescentes cadastrados para adoção são compartilhados para sensibilizar famílias habilitadas e assim tentar garantir o encontro entre pais, mães e filhos

A maior parte das crianças e dos adolescentes brasileiros cadastrados para adoção provavelmente não conseguirão ser acolhidos em um lar se não houver uma sensibilização do perfil escolhido pelas famílias que integram o Cadastro Nacional de Adoção – CNA. Em vários cantos do País, a Justiça, em parceria com grupos de apoio à adoção, tem se utilizado da técnica de busca ativa para que os interessados em adotar conheçam, para além do processo, quem são os meninos e as meninas que tanto desejam uma família. A ferramenta que usa a divulgação para unir filhos, mães e pais é o tema do mais recente artigo do supervisor Walter Gomes, da Seção de Colocação em Família Substituta da Vara da Infância e da Juventude do DF, intitulado “Busca ativa: à procura de um lar”.

Em seu texto, Gomes detalha como funciona a busca ativa: “informações, dados, fotos e principalmente vídeos relacionados às crianças e aos adolescentes cadastrados para adoção são cuidadosamente compartilhados na intenção de sensibilizar famílias habilitadas e assim tentar garantir os mencionados encontros afetivos entre quem deseja ser pai ou mãe e aqueles que sonham com o momento de tornarem-se filhos”.

Segundo o supervisor, algumas iniciativas de caráter nacional endossam a prática, como o recente lançamento pela Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB do projeto “O ideal é real – adoções necessárias”, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, da Câmara dos Deputados e dos Ministérios do Desenvolvimento Social e dos Direitos Humanos. “O eixo central do referido projeto é ampliar as adoções envolvendo crianças a partir de 8 anos, pré-adolescentes, adolescentes, grupos de irmãos e aqueles com complexos problemas de saúde ou deficiência física”, afirma Walter ao revelar o perfil predominante do CNA, que está à margem da preferência dos pretendentes habilitados.

O autor cita ainda a Carta de Salvador, documento elaborado durante o 76º ENCOGE – Encontro do Colégio Permanente de Corregedores-Gerais dos Tribunais de Justiça do Brasil, realizado no ano passado, em Salvador-BA, que incentivou expressamente a utilização da busca ativa de famílias em prol da adoção tardia.

Embora seja urgente a procura por uma família para esse público específico, Gomes adverte que “não significa que tal busca implicará a redução das exigências quanto à adequação dessa família. A referida procura não pode ser acrítica e nem realizada a qualquer preço”. Ele reforça a necessidade de cautela, rigor técnico e jurídico da adoção, que deve estar revestida de segurança plena e focada no superior bem-estar das crianças e dos adolescentes.

A ferramenta de busca ativa se traduz, nas palavras do supervisor, como o olhar diferenciado e dignificante sobre meninos e meninas, permitindo que se expressem de forma autêntica e objetiva a respeito daquilo que sentem, pensam, desejam e sonham. “Com isso estaremos rompendo com o véu da invisibilidade que historicamente sempre os cercou e assim permitiremos que famílias habilitadas ou em vias de habilitação, uma vez sensibilizadas, possam rever suas motivações, flexibilizar o perfil desejado e abrir-se para a possibilidade de concretização de adoções tardias e necessárias”, reflete Walter sobre o verdadeiro objetivo da busca ativa.

Clique aqui e leia o artigo “Busca ativa: à procura de um lar”.