Juiz do TJDFT palestra aos seguranças do órgão sobre direito a não discriminação

por CS — publicado 2019-04-26T19:40:00-03:00

juiz Fábio EstevesA Escola de Formação Judiciária realizou nesta sexta-feira, 26/4, a abertura do Programa Educacional de Reciclagem Anual para os Seguranças, com palestra sobre O Direito a não Discriminação, proferida pelo juiz de direito Fábio Francisco Esteves, titular da vara Criminal e Tribunal do Júri do Núcleo Bandeirante e presidente da Associação dos Magistrados do Distrito Federal (Amagis/DF).

“É indiscutível o que representa o aperfeiçoamento técnico. Aprimorarmo-nos é, portanto, dever contínuo de todos nós”, falou o diretor-geral da Escola, o desembargador George Lopes Leite, que também participou do evento. O magistrado lembrou, ainda, que aos agentes de segurança impõe o condão de defender a vida e a dignidade humana dos jurisdicionados, bem como dos servidores e magistrados.

Responsável pela palestra, o juiz Fábio Esteves começou sua fala explicando que não se pode falar em discriminação sem antes falar sobre empatia. Segundo ele, nunca se vai entender a dor do outro ou as dificuldades pelas quais o outro passa no seu cotidiano. “Empatia tem a ver conosco e não com o outro. Discriminação é uma questão de empatia, de dor, de olhar e compreender a dor do outro”, buscou explicar.

O objetivo da ação educacional é que os participantes sejam capazes de elencar os elementos necessários para o acolhimento do público que acessa o TJDFT. Nesse sentido, o magistrado destacou que o sistema de justiça começa antes mesmo da porta de entrada do tribunal, “ali na calçada, inclusive”, descreveu. “E todos nós fazemos parte desse sistema, portanto somos todos responsáveis pelo serviço prestado”.

Desembargador George Lopes LeiteFé na justiça

Para o juiz, as pessoas precisam ter fé na busca por justiça, porque lá fora eles já são constantemente desrespeitados e constrangidos. “Aqui é um esteio, uma espécie de último recurso para ter seus direitos resguardados. Não faz sentido aqui também continuarmos agredindo essas pessoas”, continuou.

O juiz levantou questionamentos de quantas vezes os servidores da segurança fazem isso na porta dos fóruns, com idosos, obesos, mulheres, deficientes e LGBTs e pediu que refletissem sobre como poderiam melhorar. “Quem aqui hoje não está inserido num contexto de minoria? Essa fala é um convite à reflexão e à chance de tentarmos deixar um mundo melhor para nossa geração. Um mundo de, no mínimo, mais respeito”.

Ao fim da palestra, o Secretário de Segurança Institucional, Leonilson Oliveira, agradeceu ao magistrado e destacou a importância de se falar sobre o assunto da discriminação, sobretudo do ponto de vista psicológico. “Quando vamos para uma ação despidos de qualquer preconceito, a chance de erro é muito pequena e a ação por si é conduzida dentro do que se espera no contexto de um estado de direito”, pontuou.

Supervisor de Núcleo de Policiamento Interno, o servidor André Luiz de Carvalho comentou que o assunto é complexo e diariamente fruto de desafios, mas que os seguranças estão comprometidos em se aprimorar e prestar um serviço adequado aos jurisdicionados.

A palestra aconteceu no Auditório Ministro Sepúlveda Pertence, localizado no Bloco A do Fórum de Brasília, e recebeu 161 inscrições, em sua maioria seguranças, mas também servidores de outros setores da Casa.

Fotos: Daniel Coelho - NBastian/Divulgação TJDFT