Paz em Casa: alunos da Candangolândia recebem palestra sobre a Lei Maria da Penha

por CS — publicado 2019-11-26T16:59:00-03:00

palestra maria da penha na candangolandia (1).jpgA 15ª Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa começou nesta segunda-feira, 25/11, e uma das principais ações desta edição é o ciclo de palestras pelas escolas públicas do Distrito Federal. A ideia é levar os dispositivos da Lei Maria da Penha e demais discussões sobre a violência doméstica contra a mulher para dentro das comunidades escolares e atingir os mais diferentes públicos de alunos, desde as crianças aos adolescentes.

Na tarde desta terça, 26/11, por exemplo, uma das escolhidas para receber a atividade foi a turma do 5º ano da Escola Classe 02, da Candangolândia, que reúne alunos de 10 a 11 anos. Na oportunidade, as servidoras Andreia de Oliveira e Maria Luísa Gomes Penha, do Núcleo Judiciário da Mulher – NJM, realizaram uma dinâmica com os estudantes, em que temas como estereótipos, profissões e funções tradicionalmente ocupadas por homens e mulheres foram abordados.

“Essas diferenças que vão sendo colocadas no nosso pensamento desde a nossa infância fazem com que, ao passar dos anos, conforme vão crescendo, os meninos comecem a acreditar que têm mais poder que as meninas ou que podem exercer alguma superioridade sobre elas”, explicou Andreia.

Durante a dinâmica, as servidoras apresentam para os alunos conceitos sobre os tipos de violência que a mulher pode sofrer, pelo simples fato de ser mulher. Violência, que segundo as palestrantes, é fruto das relações desiguais surgidas desde a infância e ainda hoje alimentada em muitos lares.

As personagens do filme infantil A Bela e a fera também foram usadas para ilustrar como as relações podem se tornar abusivas, possessivas e violentas. Locais e números de telefone onde buscar ajuda foram apresentados para que as crianças saibam a quem procurar, caso presenciem algum ato de violência contra a mulher.

Novo caminho

palestra maria da penha na candangolandia (2).jpgPara a professora e pedagoga Fernanda Folha, responsável pela turma, o único caminho para se mudar os números de violência contra a mulher é a educação e a mudança de pensamento o mais cedo possível. “Temos que tentar atingir os pequenos, os mais jovens, porque curar uma mente doentia tem se mostrado, a cada dia que passa, mais difícil”, acredita a educadora.

Há dois anos na escola, Fernanda conta que observou que os meninos têm certa dificuldade de lidar com as meninas e até ciúmes da relação da professora com elas. “É um traço do machismo que eles, mesmo tão novos, já carregam. Por isso, ações como essa são de tamanha importância, para que comportamentos como os que vemos nos jornais diariamente e os que eles próprios nos relatam aqui não se repitam”, disse ela.

O ciclo de palestras sobre a Lei Maria da Penha segue até sexta, 29/11, quando se encerra a 15ª Semana da Paz em Casa. No entanto, as atividades também fazem parte do projeto Maria da Penha Vai à Escola, desenvolvido ao longo de todo o ano pelo NJM.

Semana Justiça pela Paz em Casa

FACE-XV-semana-da-paz-em-casa-geral.jpgAs ações da Semana da Paz em Casa fazem parte do calendário nacional de combate à violência contra a mulher e tem a participação de todos os tribunais de Justiça do país, na tentativa de esclarecer o público sobre a importância da pacificação social, começando pelo núcleo familiar.

Idealizada pela então Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, em março de 2017, por meio da Portaria 15/2017 do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, a Semana Justiça pela Paz em Casa foi transformada oficialmente em Programa Nacional Justiça pela Paz em Casa.

No âmbito do TJDFT, é realizada por meio do Núcleo Judiciário da Mulher – NJM, sob a coordenação da 2ª Vice-Presidência, com o objetivo de promover a conscientização contínua sobre o problema da violência de gênero, alcançando comunidade e instituições parceiras, bem como realizar esforço concentrado de audiências e sentenças nos 19 Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher espalhados pelo DF.

Fotos: Daniel Coelho - NBastian/Divulgação TJDFT