VIJ-DF: Autocuidado de adultos ajuda a prevenir a violência infantojuvenil

por SECOM/VIJ-DF — publicado 2021-05-13T08:15:00-03:00

Foto "O autocuidado de pais" - Filha abraçando a mãe em alusão a necessidade do autocuidado dos pais..O autocuidado de pais e adultos responsáveis por crianças e adolescentes é um aliado contra a violência infantojuvenil. Padrões de comportamento, problemas de ordem física e emocional dos adultos podem ser gatilhos para os maus-tratos, além de influenciar na relação com os filhos e de repercutir no ambiente de convivência familiar.

Niva Campos, psicóloga e supervisora da Seção de Atendimento à Situação de Risco da VIJ-DF (SEASIR), defende uma postura ativa e contínua de cuidados. “É preciso que os adultos sejam maduros, zelosos de sua própria saúde mental e priorizem as necessidades e a saúde dos filhos. Precisam estar atentos a hábitos e comportamentos violentos ou disfuncionais para que não joguem sobre seus filhos seus próprios traumas e problemas”, pontua Niva Campos.

Os maus-tratos podem ser a repetição de situações análogas às vividas pelo agressor. “Muitos responsáveis também foram vítimas e, por tentar fazer diferente, se colocam na mesma situação, reproduzindo a violência. Por mais que seja paradoxal, indivíduos que sofreram violência ou negligência podem colocar em movimento os seus próprios anseios destrutivos e reproduzir o mesmo padrão nas suas novas relações”, explica a supervisora da SEASIR.  Adultos que passem ou tenham passado por situações ou relacionamento conjugal ou intrafamiliar difíceis tendem, sem a ajuda correta, a replicar comportamentos. 

Foto "Esteja atento" - Foto de ursinho de pelúcia chorando e de criança com os braços protegendo a cabeça em alusão a violência infantojuvenil.Questões da própria rotina também podem influenciar no comportamento dos adultos com as crianças. “Pais e mães quando estão cansados, irritados, sobrecarregados também podem agir de forma violenta ou negligente”, exemplifica Niva. Ao longo de um mesmo dia, ou do período de vida, a forma de trato pode variar. “Uma pessoa pode ser muito amorosa em determinado momento e em outro mais agressiva”,  avalia. Além do risco de se instaurar uma situação de maus-tratos, a ambiguidade extrema de comportamentos pode confundir a criança, que não sabe o que esperar do modo de agir da pessoa. “É preciso que a família esteja atenta, cuide desses momentos de interação para que sejam saudáveis, prazerosos, relaxados”, completa a supervisora. 

A atenção ao uso de álcool e de outras substâncias psicoativas é outro cuidado a ser tomado. O abuso de ambos, de forma isolada ou combinada, está entre as causas que ensejam a violência e a negligência contra crianças e adolescentes. “Ainda que achem que o uso não gera problemas, muitas vezes eles existem, mas não há consciência justamente pelo abuso”, reflete Niva Campos.

A constatação externa da situação de violência pode ser dificultada. “Muitas vezes há um pacto de sigilo dentro das famílias. Elas querem manter uma certa imagem para fora, mas dentro de casa as coisas estão muito difíceis”, indica a psicóloga da SEASIR. Domesticamente, é importante ter consciência da situação de risco ou que pode gerar risco à criança e buscar ajuda para interromper ou impedir que se inicie o ciclo de violência.

A ajuda pode ser direcionada a diversas áreas e partir de diferentes profissionais, a depender das necessidades da família. “Às vezes é necessário tratamento para curar traumas, cuidar de danos que se antecederam, mas ainda estão presentes e precisam ser ressignificados. Às vezes é preciso ajuda porque é difícil mudar um hábito, e para que se encontrem outras formas de lidar com ansiedades e questões internas que todos nós temos”, finaliza a psicóloga da VIJ-DF. 

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