Adoção internacional une família americana a cinco irmãos do DF

por NC - SECOM-VIJ/DF — publicado 2022-02-02T18:44:50-03:00

vij seguindo em frente.jpegO ano começou com uma aguardada mudança de lar para cinco irmãos do DF. Depois de entradas e saídas do acolhimento institucional, vivendo os últimos quatro anos na Casa da Criança Batuíra, eles embarcaram para os Estados Unidos com sua nova família na segunda quinzena de janeiro. O processo da adoção internacional foi conduzido pela Comissão Distrital Judiciária de Adoção do TJDFT (CDJA), que contou também com a atuação do organismo internacional Lifeline Children's Services. 

“Geralmente trabalhamos com casais sem filhos. Contudo, nesse caso, o casal já tinha outros quatro filhos, e mesmo assim não houve dúvidas quanto ao engajamento no processo de adoção”, conta Thaís Botelho, assistente social e secretária executiva da CDJA. Segundo Thaís, logo que o caso dos irmãos foi apresentado, a família se disponibilizou a adotá-los. Porém, como o casal ainda estava em processo de habilitação para adoção nos EUA, e a habilitação no Brasil somente pode ocorrer após o deferimento do pedido no país de origem dos adotantes, houve uma espera de quase dez meses para finalizar a habilitação brasileira. Todo o trâmite seguiu o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente. 

“Observamos que a experiência prévia da maternidade e da paternidade parece ter tornado o estabelecimento de vínculos mais fácil e natural. O casal demonstrou habilidade para atender às diferentes demandas que surgiram e ainda para conduzir as tarefas cotidianas, sempre de modo afetivo e disponível para a aproximação e vinculação com as crianças”, avalia Thaís. Ela conta que um dos filhos do casal, de 22 anos, também veio para o estágio de convivência. “E sua participação foi muito positiva e contribuiu para o sucesso do projeto adotivo”, afirma.  

Desafios da adoção 

Lidar com um processo de adoção envolvendo cinco irmãos foi, por si só, um desafio e tanto para a CDJA. “Atender às necessidades de cada um e compreender a melhor forma de trabalho para alcançar e se vincular a cada irmão foi bem desafiador”, revela Thaís Botelho. A assistente social diz ainda que a CDJA estava trabalhando na implantação dos processos de habilitação de estrangeiros no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), o que demandou muitas reuniões com servidores do Tribunal para fixação do novo fluxo de trabalho, além de reuniões com o Ministério Público. 

Esse foi o terceiro grupo de irmãos atendido pela CDJA na pandemia. Apesar do contexto, somente com o primeiro grupo, cuja adoção foi finalizada em agosto de 2021, os atendimentos foram alternados entre on-line e presencial. No caso dos cinco irmãos, a atuação foi totalmente presencial, com a permissão do TJDFT. Thaís esclarece que as técnicas da Comissão estavam vacinadas e as medidas de prevenção ao coronavírus continuaram a ser adotadas, como o uso de máscaras e de álcool em gel, conforme orientações da área de saúde. 

Preparação 

A secretária executiva da CDJA ressalta a importância da preparação das crianças para a transição do acolhimento institucional à vinculação a uma nova família. “Primeiro é preciso criar vínculo de confiança e de afetividade, e isso exige trabalho, presença, atenção. As crianças precisam de espaço de escuta para compartilhar suas angústias, medos, fantasias e sonhos”, explica Thaís. Ela completa que o investimento na preparação também é fundamental para os adotantes. “O tempo de espera pelo filho deve ser um momento de reflexão e de autoconhecimento, de modo a facilitar a adaptação entre as partes envolvidas”, pondera.   

De acordo com a CDJA, no processo de adoção dos cinco irmãos, foram realizados 14 encontros de preparação antes da chegada dos adotantes e outros 10 durante o estágio de convivência com a família no Brasil. A equipe tem o compromisso de se dedicar semanalmente à construção do vínculo entre os envolvidos, visto que os encontros de preparação são semanais. “Esse é um período muito intenso e que exige dedicação da equipe técnica”, observa Thaís Botelho. 

Novo caminho 

vij seguindo em frente2.jpegOs irmãos – três meninos, de 9, 10 e 13 anos, e duas meninas, de 5 e 7 anos – agora seguem um novo caminho, levando gratidão, amor e lembranças, como o pão de queijo no meio da tarde. Essa história de um tempo de espera e esperança inspirou a escrita do conto infantil Seguindo em Frente, de autoria de Thaís Botelho com ilustrações de Érika Duarte, dado de presente aos irmãos e sua nova família como lembrança de suas vivências no Brasil. A partir de agora, as crianças vão construir novas memórias familiares, com pai, mãe e mais irmãos, no Tennessee, EUA.