Esporte para crianças e adolescentes é direito e previne a violência
“O esporte é o investimento mais barato para educação e prevenção à violência de crianças e adolescentes”, disse o Juiz Evandro Neiva de Amorim, da Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (CIJ/TJDFT), em visita institucional ao Secretário de Esporte e Lazer do GDF, Renato Junqueira, nessa quinta-feira (14/3). A ocasião contou com a presença de servidores da CIJ e de 30 meninas entre 12 e 17 anos que integram a equipe feminina de futebol, futsal e fut7 da Rede Gol - Transforma Vidas.
Desde 2014 a Rede Gol é parceira da Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa social do TJDFT, e atualmente atende 1.817 crianças e adolescentes em 13 regiões administrativas no DF e entorno, com oferta de aulas de futebol, futsal, fut7 e judô. A ONG integra projetos desportivos, educacionais e de profissionalização em prol da proteção integral da população infantojuvenil e de promoção das famílias. Há meninas e meninos vinculados ao sistema protetivo, encaminhados pela 1ª Vara da Infância e da Juventude e varas de família do TJDFT e pelos conselhos tutelares.
O encontro entre as instituições consagra a importância do esporte como um dos pilares para o desenvolvimento saudável e inclusivo de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. A prática desportiva previne toda forma de violência, evita a judicialização e constitui direito do público infantojuvenil, amparado pela Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Marco Legal da Primeira Infância (Lei n.13.257/2016).
Durante a visita, o Juiz da CIJ agradeceu o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer e elogiou o programa. “Eu vim prestigiar e falar da importância desse projeto para a parcela significativa de crianças e adolescentes do DF em vulnerabilidade social. Parabenizo a iniciativa, pois o esporte é indutor de educação, compromisso, interação social e prevenção da violência”, comentou.
O Secretário concordou e mencionou que pesquisa da ONU demonstrou ser o esporte um investimento de baixo custo e que promove saúde e qualidade de vida. “Nos programas da Secretaria e nas atividades dos centros olímpicos, a gente trabalha com a formação de cidadãos, para que os jovens tenham uma vida melhor e aprendam valores e princípios, como respeito, resiliência, saúde mental, pontualidade, hierarquia, os quais levarão para qualquer profissão”, afirmou.
Junqueira demonstrou apoio à parceria: “Parabéns ao Judiciário, que apoia essa iniciativa, e contem com a gente. Quanto mais crianças, adolescentes e jovens colocarmos dentro dos centros olímpicos e apoiarmos projetos esportivos, mais fecharemos as portas para o submundo das drogas e da marginalidade, ao oferecer outra opção a eles”.
Presente ao evento, a coordenadora voluntária da Rede Gol e servidora do TJDFT, Deiza Leite, esclareceu que o programa se consolidou porque o Judiciário acreditou no esporte como atuação preventiva à violação de direitos da infância e juventude. “Quando as crianças chegam à Rede Gol, passamos a conhecer pais, familiares, agentes escolares e toda a rede de apoio”, pontuou.
As 217 meninas vinculadas à ONG recebem um olhar especial, segundo Deiza. “Criamos uma rede de proteção feminina que tem como eixos a prevenção à gravidez na adolescência e à violência de gênero, programas de saúde integral à infância, esporte e lazer, saúde mental e grupos de apoio para famílias”, comentou.
Em 2023, o grupo feminino de atletas de competição conquistou apoio importante da Caixa Econômica Federal, com o fornecimento de uniformes, chuteiras e financiamento de professores. A equipe conquistou diversas premiações em campeonatos locais e nacionais e sagrou-se campeã do Go Cup, maior torneio de futebol infantil amador do mundo, na categoria Sub-15. Agora, as atletas querem trazer para Brasília o título de tricampeãs no 10º Campeonato Go Cup, que acontece em Goiânia, de 23 a 30 de março de 2024.
Keyla, 15 anos, é uma das atletas da Rede Gol, que sonha em ser jogadora, cursar Direito e ser policial. Ela veio da região Norte e mora há poucos anos em Brasília. “Eu treinava no campinho da Estrutural e lá me falaram da Rede Gol. Fiz a seletiva e logo fui apresentada à Deiza, que me deu várias oportunidades. Competi em Belo Horizonte, Goiânia, São Paulo, Caldas Novas. Ganhei medalhas e destaques. Disputei o Campeonato Brasileiro em Belo Horizonte. Em torneios em São Paulo, a técnica da seleção brasileira me viu jogar. Sou muito agradecida à Rede Gol. No meu ponto de vista, somos uma família; unidas, somos um time!”, disse a jovem.
O encontro contou com a presença dos servidores da CIJ Carlos Vanderlinde, assessor, Gelson Leite, assessor substituto, e Márcio Alves, supervisor da Rede Solidária Anjos do Amanhã.